O DIA DO SANTO

Pegou as alpercatas do canto

Esporeou a montaria

Sem saber que era um santo

Exato naquele dia

Espantou a suçuarana

Que muito sagaz o seguia

Negando espantar o medo

Pra ele não existia

Levado pela esperança

Um laivo de valentia

Retine em sua lembrança

O rosto da esposa e da cria

E no soturno da noite

Sequer a tropa ele via

Somente o som do açoite

O traz vivo à travessia.

Mas os dias vão passando

E ele a esperar

No juízo martelando

O desejo de voltar

O suor nele sangrando

O filho vem proclamar

É deus que está chegando

Olha como ele está

Uma auréola está brilhando

Vai correndo abraçar

Seu desejo é sempre o mesmo

O medo de fracassar

O menino espera o deus

Mas onde é que ele está

Os desejos não são mais seus

O filho vai lhe sorrindo

Ele vê o chão se abrindo

Para o povo o sepultar.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 03/02/2012
Código do texto: T3478422
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