Os planos que fizemos

Coisa tediosa e sem graça! Isso mesmo, mto sem graça fazer planos pra um só. A solidão por si só já é uó. E consegue ser ainda pior quando vc faz planos sozinho. Veja bem, não me refiro ao ato de planejar só, mas ao ato de executar os planos só, é diferente, totalmente. Claro que é perfeitamente compreensível que se faça planos pra ficar só depois de um dia cheio de trabalho e tudo que mais se quer é descansar, quietinho, caladinho. Mas ainda sim, planejar um colo a minha espera em tal momento me apetece. Tenho sim meus dias de solidão, nos quais desejo ser uma tartaruga pra poder me recolher na minha humilde residência (casco) e lá ficar até a crise de antissociedade passar. Mas os melhores planos envolvem as nossas pessoas prediletas, sem mais.

Amo fazer planos, essa é a verdade. Bons planos me trazem boas noites insones de pura expectativa e empolgação. Sim, com muita boa vontade abro mãos de horas do meu precioso sono noturno pra planejar. Muitos de tais planos provavelmente não passarão disso. Mas eu amo fazer planos, o resto a gente vê depois. E hoje me peguei pensando no quanto é interessante essa coisa de planejar, e incluir pessoas nos nossos planos. Nem sempre controlamos a entrada das pessoas em nossa vida, acontece. Mas nos planos é diferente. Escolhemos quem queremos que esteja lá com a gente. E isso é tão especial. Porque se essa ou, essas pessoas, já estão na nossa vida é uma reafirmação do quanto nos são importantes. Mas quando ainda não estão, aí sim é uma prova de importância mto grande. Os planos que fazemos juntos têm esse poder de nos seguir pela vida, quer tenham sido executados ou não. Vira e mexe, nos lembramos deles e das pessoas que estão neles.

Os planos de ir à praia com os amigos. Estudar aquele curso. Viajar praquela cidade. Fazer aquela festa. Visitar aquela pessoa. Comprar aquele presente. Conhecer aquele lugar. Estar lá naquele dia. Constituir uma família com aquela pessoa... Passe o tempo que passar, algo fará com o que o fio dessa meada apareça uma hora e nos lembre do plano feito. Digo isso já do ponto de vista de um plano frustrado ou em espera. Estaremos sempre nos lembrando dos planos que fizemos.

Difícil é sermos lembrados por planos frustrados ou desistidos pela parte de lá. Dói. A ausência do fato dói. A condenação ao estado abstrato enquanto queríamos um estado tangível é pesada. O plano feito não passou disso. Sonhamos um vôo lindo pra ele e por algum motivo nem chegou a sair do chão, ou melhor, da nossa mente; ou quem sabe do papel esquecido dentro de um livro velho qualquer.

Os planos que fizemos deixam rastros em nós. As outras pegadas que imaginamos junto a nossa. Os olhos, mãos e coração que imaginamos ter como companhia pra dividir e viver o belo plano. Um rastro que posso agora comparar a uma cicatriz sempre mexida no momento lembrado. Não sara nunca. Os planos que fizemos contêm as pessoas que amamos, e por isso, nos marcam tanto. As pessoas que amamos talvez não estejam mais com a gente. E ao lembrar dos planos, lembramos da perda. E torna-se uma dor dupla. Nossos planos que não deram certo e a ausência de quem nos importava tanto. Os planos que fazemos ficam em nós e, muitos deles exigem que as pessoas também permaneçam em nossas vidas ou nos deixem permanecer na delas, pra que dêem certo.

Nas voltas que a vida dá, muitos planos se perdem. E quem pode impedir? Se por tais voltas é que as coisas se ajeitam? Meus planos estão aqui, e eternizaram em mim as pessoas que neles estão. Isso torna o sentimento eterno, independente de por onde anda o ser a quem o dedicamos.

Jordana Sousa
Enviado por Jordana Sousa em 28/02/2012
Reeditado em 28/02/2012
Código do texto: T3526119