Grelo

Ainda ando a matinar, a refletir aprofundadamente, a pensar compreensivamente os motivos ou razões secretos por que "grelo", s. m., cujo significado primeiro, de origem galega, é "Folhas e talos tenros e comestíveis do nabo antes de florecerem e deitarem a semente", e o segundo, "Haste de algumas plantas antes de desabrocharem as folhas", e o terceiro, "Gomo, gema que se desenvolve na semente, bulbos ou tubérculos quando começam a nascer ou quando se humidecem", e, mesmo o quarto, "Rebento que se desenvolve no bulbo ou no tubérculo de certas plantas e aparece fora da terra" passou a significar "Tabu. Clitóris".

Cá, na Galiza, um dos prazeres gastronómicos, populares e típicos, é o lacão com grelos. Mas nenhuma pessoa (acho), mesmo que viesse do Brasil, ao participar de tão satisfatória comida, evocará esse significado tabu.

Diria mais: com certeza o "grelo" galego é quase desconhecido no Brasil.

Portanto, aqui, neste caso, temos um exemplo dos modos e maneiras em que um significante adquire significados inclusivamente estranhos e até contraditórios.