O jardim de Aurora.

Era uma vez...

Em um reino muito distante havia uma linda princesinha, filha de um rei muito justo e bondoso, cujo tratamento dado aos súditos era enaltecido em todos os reinos aonde sua fama chegava.

A princesinha chamava-se Aurora, porque nascera justo quando o sol lançava os seus primeiros raios sobre a relva das montanhas verdejantes.

Aurora era uma menina muito carinhosa: gostava de todos os animais, brincava com os pássaros e sua grande fascinação estava em cuidar e admirar das flores que cultivava em seu jardim e que por vezes encontrava no campo. A princesinha passava horas e horas observando as flores, onde pousavam lindas borboletas e abelhinhas em seu incansável trabalho de busca do néctar para produzirem seu doce mel.

O maior sonho de Aurora era transformar-se em um beija-flor, para assim, poder sentir e admirar, bem de pertinho, todas as flores do campo.

Seu pai, o rei Carlos, recomendava aos amigos e súditos que, no aniversário da princesinha, trouxessem vasos com flores como presentes, pois sabia o quanto a princesinha gostava de flores. Assim, a cada ano, ela recebia uma enorme variedade de tipos de flores, cada uma mais bonita que a outra.

Aurora formou um imenso e belo jardim, onde colocava todas as flores que recebia em seus aniversários. Mesmo assim, não se contentava e saia pelos campos a procurar mais flores e quando as achava, ficava admirando-as por horas.

Em uma destas buscas por novas flores, ao subir em uma arvore para observar de perto uma linda orquídea, Aurora apoiou-se em galho seco que quebrou e a princesa despencou da altura.

Enferma, teve que passar algumas semanas no hospital para cuidar de alguns ferimentos na pele e de uma fratura que teve em sua perna.

Seu pai pediu a sua priminha Carmem, que morava no reino vizinho, para vir passar uns dias próximos a sua filha para assim anima-la em sua cura e fazer companhia até que Aurora melhorasse.

Logo que Carmem chegou, Aurora pediu que ela cuidasse do seu jardim: aguando as plantinhas todas as manhãs. Carmem, de imediato, se prontificou a cumprir tal tarefa. O que todos não sabiam é que ela sentia muita inveja do jardim que Aurora mantinha e, ao ver aquele jardim de perto, tal sentimento aumentou ainda mais. Então ela fez questão de esquecer a promessa que havia feito à priminha, de que cuidaria bem do seu jardim, e não aguou as plantinhas, conforme a priminha pedira.

Após algumas semanas, todas as plantas já estavam totalmente murchas e estorricadas, algumas até morreram totalmente. O jardim que, pouco tempo atrás, era o mais belo e exuberante de todos os reinos conhecidos, agora não passava de um monte de galhos secos e folhas murchas ao chão.

Ao sair do hospital, antes de qualquer coisa, Aurora disparou em corrida na direção do seu querido jardim e ao deparar-se com a situação de abandono e maus tratos que suas plantas sofreram, vendo aquela paisagem feia e desbotada, chorou copiosamente junto aquela plantinha que mais gostava, achando que jamais iria conseguir recuperar o mal que sua prima havia causado.

Ao ver todo aquele sofrimento, através das lagrimas que Aurora derramou, Carmem arrependeu-se muito pelo mal que praticou. Mas, apesar de todo arrependimento, ela não sabia o que fazer para reparar todo aquele estrago, e também se pôs a chorar, ali mesmo no jardim, abraçada com Aurora.

As lágrimas das princesinhas caíram nos vasos onde as plantinhas estavam e, no dia seguinte, como se estivessem avisando as meninas, alguns pássaros vieram, com seus melodiosos cantos, acordá-las. Elas pularam das camas e partiram em disparada para o jardim e que surpresa! As plantas que receberam suas lagrimas estavam novamente bonitas e viçosas.

Elas compreenderam que ainda podiam recuperar todas as outras. Então iniciaram um dia de muito trabalho coletando água em córrego próximo e regando todos os vasos, plantinha por plantinha, até a última no final do dia. Cansadas, tiveram uma longa noite de sono reconfortante. No dia seguinte, ao sentir na brisa suave o inconfundível perfume das flores do jardim, saíram saltitantes juntamente com uma revoada de beija-flores indo diretamente para o jardim. Para felicidade de todos, inclusive dos pássaros e borboletas, todas as plantinhas estavam recuperadas e lindas ao raio do sol. Assim Aurora e Carmem perceberam que mesmo quando a situação parece perdida, sempre há uma esperança.

Este conto foi criado quando o autor contava estórias para suas filhas Juli e Mimi dormirem. E a elas foi dedicado.

Glossário:

Relva – Erva rala e rasteira;

Fascinação – Atração muito forte;

Orquídea – Um tipo de flor que nasce no alto de arvores, presas ao tronco;

Imenso – Muito grande.

Sonho de Amor
Enviado por Sonho de Amor em 23/01/2007
Reeditado em 18/05/2011
Código do texto: T356499
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