"Quando a gente pula pra vida com um despreparo de alma visível... quase sempre o sangramento não cessa."

Anoiteci com tal nostalgia de ser. Só ser, sem me prender a obrigações e definições. Às vezes a gente se acostuma a viver coisas e formas que nunca imaginou viver. Quando a gente pula pra vida com um despreparo de alma visível... quase sempre o sangramento não cessa. E você se vê, de repente, onde muita gente daria um braço e uma perna pra estar, e não se encaixa. E você se vê rodeado de pessoas tão... intensas, e verdadeiras, e tão vivas, que você começa a se perguntar 'porque eu não consigo atingir tal profundidade?' E aí nasce a culpa. A impressão de estar tomando o lugar de alguém, sei lá. Eu tô com saudade de tanta coisa. De repente, toda a minha adolescência me veio... dessa vez, não como um vulto, mas com uma presença tão mais viva que a realidade. E o que é real? As promessas? As horas de conversa no portão? Os abraços que até doíam no separar dos braços? Perder a inocência trouxe um bocado de dor e de aprendizado. E me trouxe uma noção de... sei lá como se chama isso... Tô com um vazio tão grande dentro de mim, e tenho sorrido cada vez mais. Não por estar superando os obstáculos, não por estar com esperança de que as coisas mudem. Mas por ter aprendido a fingir ser. E tudo o que eu queria hoje era ser. De verdade.