"Mas parece que é isso crescer: dizer adeus ao amor."

Acordei inteira saudade. Inteira? Perco um pedaço meu cada vez que lembro que não há você aqui. E não há eu. Sinto saudade até das tuas mentiras. Do teu riso irônico e da tua cara de quem se importa mas que, no fundo, só quer mesmo ter o outro nas mãos. É como dizem, depois que a gente descobre a primeira mentira, parece que todo o resto foi mentira. E eu não consigo pensar em ti, em nós, e acreditar que era verdade. Porque eu não sei o que era verdade. Eu não sei até que ponto fui importante pra ti. Até que ponto esteve ao meu lado por amor ou por interesse. É que, no fundo, amor é só isso: interesse. O que eu sentia era de verdade. Meu amor por ti era de verdade. E minha saudade de agora é tão real que arranca os últimos pedaços de alegria que eu ainda guardava em mim. Me faz muita falta viver ao teu lado. Mas o orgulho não vai me deixar te dizer isso nunca. E fico acompanhando tua vida de longe, e feliz com tudo o que acontece, e só lamento não poder participar da tua alegria. Mas parece que é isso crescer: dizer adeus ao amor. E de todo o meu passado, só me restou o adeus calado, e um vazio cada vez maior. Dos grandes amores, as grandes decepções. E eu espero que tudo mude, e que nos possamos reencontrar num abraço. Embora eu saiba que isso não vai acontecer. Você consegue viver bem sem mim. Talvez essa seja a resposta. E eu consigo fingir que está tudo bem, porque tive que aprender isso muito cedo. Quem é de verdade? ...