Observações em migalhinhas (parte 2)

Minha mocidade não me traz um ânimo

Pouco faço dela pois não a mereço

Que ser jovem ainda bem suspeito,

essa idade de idas e eu manco...

*

Se lhe dedico um poema,

temo chamar-me namorado.

Se não tenho assunto pra semana

quanto mais pra eternidade.

*

O silêncio é isto:

E nele se escreve o que se quer.

*

Leve como cetim

Esse tecido é a morte

Caimento perfeito no meu manequim.

*

De manhã meu nome

Fere-me os ouvidos;

Acordo mal-humorado,

mas na hora de dormir passa...

*

Tolice é essencial,

por isso eu sou doido,

camisa de força é meu prazer

que ser são, "cremdeuspai"!

*

Sandice tua me esquecer,

e por isso digo és louca;

Ou louco eu por te querer?

A paixão tua sempre pouca?

*

A tristeza é de quem não tem ocupação

(dizem uns)

E deveras é fato consumado:

A alma que não ocupa espaço no mundo,

A lacuna no seio do apaixonado,

O corpo, a mente, a vida.

Quem está aí?

É tudo terreno desocupado.

*

Etimologia nada lógica:

Glória: do latim; morte

Acaso: vem do grego; armadilha

Destino: do aramaico; sofrimento

Saudade: vem de ti e não se explica origem

Poeta: do hebraico; inverso.

*

O cafajeste:

_ Amiga e amantes

começam com a letra A;

Na amante acrescento o S.

*

Não me digas que irás morrer por mim

Se acaso te quiseres um dia,

Te quero vivo viu?

*

Oxente na Bahia significa tudo:

lâmpada jogo pedra dinheiro lata...

Na Bahia oxente é iminente,

vem à boca e não se sente

Baiano é indiferente

da mania de dizer oxente.

*

A feminista:

_ Macho, eu acho, é capacho!

Cara de tacho, eu esculacho.

Mas sem ele o que eu faço?

*

No Brasil, algumas mãos

são mais molhadas que o sertão...

*

A lua de mel dos bem-casados

vira boda de papéis rasgados...

*

No Oriente Médio,

só a geografia é mediana,

de resto é tudo radical...

*

Ladrão rico furta,

Favelado, rouba.

E a gramática agora é social?

Antes ensinar a não ladrar,

que lecionar apenas a grafia.

*

Se os olhos são as janelas da alma,

os cílios são as cortinas?

*

A justiça, é cega.

O amor, é cego.

Acaso não trabalham os oftalmologistas?

FIM

(por enquanto)

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 10/04/2012
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