O AMOR



O Amor, os vários sentimentos de Amor possuem em comum uma linha vertebral central que é a direção de dentro para fora, sem jamais abrir mão de uma racionalidade crítica necessária a construção diária deste amor em verdade e em vontade.
O Amor não “deveria” ser libertador, o Amor tem que ser libertador, se não o for, ele não é Amor verdadeiro.
O amor não pode ser possessivo, limitador ou egoísta, uma vez que o amor é um estado de espírito construído eternamente, passo a passo, que povoa nossa mente como uma rede translúcida de sentimento, emoção e razão. O Amor não pode ser possessivo exatamente porque ele é uma doação de um pouco de nós mesmos para o outro, para o social e para a sociedade, se me doo, nada cobro, nada exijo e nada pego para mim. O Amor verdadeiro não exige uma via de mão dupla, eu realizo o Amor no que de mim transfiro de bem para o mundo como um todo, não seria tolo de negar que um amor pessoal ou social correspondido, em duas vias, é muito mais prazeroso, mais o Amor não busca necessariamente o prazer como realização de seu atuar.
O Amor não pode ser limitador no sentido de que eu tenha a vontade de algo fazer e me limite a não fazê-lo por Amor, isto até é um ato digno, mas o Amor, uma vez construído e reconstruído em sua estrutura maior de dignidade humana, transcende aos desejos, ele sublima estes desejos de forma natural que a limitação desaparece pois desaparecem os desejos, sobrando apenas a vontade e o desejo de realizar o próprio Amor como êxtase de nossa existência.
O Amor finalmente não pode ser egoísta, posto que nada espero dele, a não ser a sua própria realização, nada coleciono com ele a não ser a, temporária que seja, experiência mútua ou coletiva de felicidade. Pelo Amor construímos mais Amor, com o Amor realizamos mais Amor e no Amor nos fazemos unos com toda humanidade, desta forma o Amor não pode ser possessivo, limitador ou egoísta.
 
Se Amo verdadeiramente, sou uno com a causa do meu Amor, e sendo assim me diluo nesta causa e nada mais sou enquanto Amo, sendo sempre o que eu sou enquanto existo. Que dualidade complexa, ser o que sou e nada ser enquanto me transfiguro no Amor que doo.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 05/05/2012
Reeditado em 05/05/2012
Código do texto: T3651325
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