Angústia

Impaciência, algo que descontrola qualquer pessoa, causando demasiada angústia. Ainda que se controle, parece que a sensação insuportável de estar assim não passa. O coração está disparado, não adianta fingir que está tudo bem, que as coisas vão se acalmar como num passe de mágica, - oh, como queria que isso fosse real -.

Aquele dia, como todos os outros, estava com um lindo céu azul, sem nuvens. O sol estava radiante, e o calor, esse insuportável. Como aqui é quente, mas tirando esse fato, as pessoas aqui são alegres e receptivas, eu até gosto de morar onde moro, o problema é que aqui é uma cidade muito grande, e eu não gosto dessa correria, desse caos urbano; sirenes, buzinas, aviões, música alta, o vai e vem de pessoas, aquele aglomerado, pessoas se exprimindo em ônibus lotados. – Como não suporto tudo isto-.

Eu costumo observar as pessoas, e como gostaria de saber o que se passa pelas suas mentes, o que planejam; o que sonham; o que vivem; o que não gostam; o que amam. É instigante só de imaginar essa possibilidade. Seus olhos, eles me dizem algo. Alguns estão mais tristes, cansados, outros já estão brilhando, sonhando, e esbanjam sabedoria só pelo olhar. Eu sou tranquilo, nunca demonstro quando estou feliz ou triste, cansado ou disposto, não sou de personalidades, sou prático. Sem emoções fortes. O que pode me causar incomodo, só poderia ser estar angustiado, e quase que sempre estou assim. Sinto uma necessidade grande em ler e escrever. E queria poder transmitir aqueles sonhos que eu pude ver naqueles olhos um dia, falar sobre aquela moça que passou por mim cantando, ou aquele outro senhor, que alimentava os pombos na praça, o que será que se passava por todas essas cabeças. Hoje me deitei em baixo do manguezal, olhei para o céu azulado e me coloquei a pensar em tudo que já sonhei, será que as pessoas também sonham tanto assim? Ou elas só têm tempo para outras ocupações? Naqueles olhares tristes será que existem sonhos? Quantas perguntas, e como me faltou respostas, então eu dormi mais uma vez angustiado.

Guilherme Cesar Meneguci
Enviado por Guilherme Cesar Meneguci em 26/05/2012
Reeditado em 28/05/2012
Código do texto: T3688586