Introspecção

Algo há de diferente em mim

Antes mesmo de me saber eu,

Antes mesmo de me darem um nome.

É um sentimento de abundância e paz interior.

Mas não é só isso, há bem mais.

Multifacetado. Indisciplinado. Inconveniente.

Invade-me nos mais imprevisíveis momentos.

Seu humor também é extenuante.

Às vezes me aparece como um sonho, uma advinhação.

Outras, é pesadelo, desilusão. Benção e compaixão.

Às vezes Luz,outras nem tanto.

Sempre me deixa com a mesma sensação:

Solitude, apartamento do mundo exterior.

Pareço única moradora de um mundo de bilhões...

Nada,ninguém pode me penetrar, me atingir...

Nem o mais querido ou mais odiado dos seres,

Parentes, vizinhos, amores, estranhos,

São todos intrusos, indesejados, excedentes.

Este sentimento, às vezes, traduz-se como:

Uma forma reduzida, conceitual, que materializada,

tenta reconhecer-se, explicar-se, deduzir-se,

estereotipar-se e permanecendo em mi mesma.

Deleitar-me com a experiência de ver a mim

Em separado de todos, podendo analisar sentimentos, sensações, sem medos, sem pesares, sem ferir ou interromper quem quer que seja além de mim...

Poder contar comigo, me dizer: amo-me.

Ser de mim, minha melhor companhia

é algo que me fascina e apavora.

E se eu não quiser mais me doar a ninguém?

E se me viciar de mim? O que farei?

E se descobrir que basto a mim?

Não quero ter pânico.

Tenho o tempo da minha verdade para conviver

com essas indagações. E o melhor, o pior disso tudo

é que ninguém precisa saber disso. Só eu. São meus.

De mais ninguém. Ou, pelo menos é isso, não?!

Arsenia Rodrigues
Enviado por Arsenia Rodrigues em 05/02/2007
Reeditado em 26/06/2008
Código do texto: T369920
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