Introspecção
Algo há de diferente em mim
Antes mesmo de me saber eu,
Antes mesmo de me darem um nome.
É um sentimento de abundância e paz interior.
Mas não é só isso, há bem mais.
Multifacetado. Indisciplinado. Inconveniente.
Invade-me nos mais imprevisíveis momentos.
Seu humor também é extenuante.
Às vezes me aparece como um sonho, uma advinhação.
Outras, é pesadelo, desilusão. Benção e compaixão.
Às vezes Luz,outras nem tanto.
Sempre me deixa com a mesma sensação:
Solitude, apartamento do mundo exterior.
Pareço única moradora de um mundo de bilhões...
Nada,ninguém pode me penetrar, me atingir...
Nem o mais querido ou mais odiado dos seres,
Parentes, vizinhos, amores, estranhos,
São todos intrusos, indesejados, excedentes.
Este sentimento, às vezes, traduz-se como:
Uma forma reduzida, conceitual, que materializada,
tenta reconhecer-se, explicar-se, deduzir-se,
estereotipar-se e permanecendo em mi mesma.
Deleitar-me com a experiência de ver a mim
Em separado de todos, podendo analisar sentimentos, sensações, sem medos, sem pesares, sem ferir ou interromper quem quer que seja além de mim...
Poder contar comigo, me dizer: amo-me.
Ser de mim, minha melhor companhia
é algo que me fascina e apavora.
E se eu não quiser mais me doar a ninguém?
E se me viciar de mim? O que farei?
E se descobrir que basto a mim?
Não quero ter pânico.
Tenho o tempo da minha verdade para conviver
com essas indagações. E o melhor, o pior disso tudo
é que ninguém precisa saber disso. Só eu. São meus.
De mais ninguém. Ou, pelo menos é isso, não?!