Antes de dormir.

Pesava todo o sono sobre suas pálpebras. Poderia adormecer sob a escuridão da noite e o barulho sonífero das gotas caindo, mas desistiu do descanso e optou pelo brilho da chuva. Quis por alguns instantes contemplar toda a beleza daquela mistura entre a luz amarelada de sua rua e a água, porque todas as nuvens estavam a maravilhar seu olhar enquanto transformavam-se em forma líquida.

Mas era necessário mais do que todo aquele encantamento, energia física lhe faltava e sob essas condições não lhe restava alternativa, por mais que as palavras lhe viessem, por mais que brigasse com o cansaço...

A lentidão proferiu, por mais e mais tempo, até render-se totalmente ao acalento do lar. Muitas das gotas que caíram no chão e sobre os telhados, criavam sons, formando uma musicalidade beirando a perfeição. Uma canção de notas que surgiam e derramavam-se naturalmente, sem qualquer esforço, sem a racionalidade!

E então chegou o momento em que sonhos confundiram-se com pensamentos. Até não se dar mais conta, e não conseguir diferir o que era cada coisa. Sua vontade não mais importava. Não tinha poder algum, e isso lhe incomodava. Mas não havia o que fazer... O vazio do descanso dominou sua mente e simplesmente abraçou o sono profundo, para que pudesse renascer em outro dia, em outras palavras... Em alguma poesia.

Tatiana Espíndola
Enviado por Tatiana Espíndola em 13/06/2012
Reeditado em 24/08/2012
Código do texto: T3722935
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