QUEM PAGA MINHAS CONTAS?
Este mundo no qual vivemos é muito interessante mesmo...outro dia, ouvi dizer que devemos expressar o que pensamos sem ter medo do outro, sem ficar pensando se fulano ou beltrano irá ficar com raiva da gente, pois, afinal, ´´quem paga minhas contas ?´´
Não sei porque danado me veio ao pensamento a tentativa de investigação de quem ou quais pessoas pagavam minhas contas e mais, será que aquela ou aquelas seriam detentoras de meu ser? Detentoras de minha vida? Poderiam ela ou elas manobrar e dirigir o meu comportamento devido a minha submissão financeira?
Afora essa dependência, existe outro aspecto tão ou mais assombroso que é ´´ e o que devo a quem não paga minhas contas ?
´´ . Devo, então, sair como uma verdadeira metralhadora, atirando minhas percepções, verdadeiras ou não, doam a quem doer ?
No momento, busquei insistemente saber quem pagava minhas contas, afinal, eu devia tudo a este ser endeusado capitalisticamente.
Percebi que o cartão de crédito do meu marido pagava minhas contas.
Ohhhh! Ser supremo, digno de toda possessão de meu pensamento, corpo e alma.
Passadas algumas manifestações de submissão e redenção por parte de minha pessoa diante do magânimo Ser pagador de minhas contas( o meu marido), percebi que o meu patrão, através do trabalho que eu realizava em sua empresa, também pagava minhas contas. Assim, começa minha grande confusão. Ora, pensei que somente o meu marido pagasse minhas contas, mas, o meu patrão também pagava! Afinal, eu conseguia dinheiro do mesmo através do meu trabalho...Eu sei que trabalhava...eu sei que eu ralava pra caramba, mas eu recebia o dinheiro do meu patrão e, assim, achava que ele também era um ser magânimo e detentor dos meus ideais, pensamentos, comportamentos etc.
Comecei a ficar muito confusa.... Pois , se vocês prestarem atenção, a pergunta ´´ quem paga minhas contas´´ subentende uma resposta no singular . Ora, será que somente haveria de ser eu privilegiada com dois seres que pagavam minhas contas?
Resolvi distanciar-me desta investigação complexa para pôr os olhos no outro aspecto intrigante, posto logo no início, pois, o que dar àqueles que não pagam minhas contas ? Não lhes devo nada? Nem um pouquinho ?
Dentre estes questionamentos confusos, loucos e inquietantes notei que aqueles que pagam minhas contas ( marido, patrão, eu) APENAS pagam minhas contas e, graças a Deus, eu não compro minhas ideias! Não encontro meus ideais e percepções com baixos preços, descontos; Não os troco por vale-transporte,vale-alimentação, jóias, jantares caríssimos, silicone ect. Tais seres endeusados pelo capitalismo pagam o que eu sou capaz de comprar. Ora, isto é apenas um aspecto( minúsculo) de minha vida e, a ela totalmente , não devo arraigar um cheque no fim do mês.
Constatei que não devo nada aos que pagam minhas contas! Que isso é uma expressão capitalista terrível, como se o ser que pudesse pagar ou que pague suas contas fosse tido como supremo e inquestionável autoridade. Outro aspecto é que, mesmo sendo eu, pagante de todas as minhas despesas, ainda assim, não posso ir destilando meu terrível veneno...não sou eu ser supremo e maioral pelo simples fato de pagar minhas contas. Ora, não existe nada filosófico, metafísico, irrefutável, axiomático ou no mínimo profundo em pagar suas próprias contas!!! São suas contas!!!! Deve pagá-las! É simples!
Ao fazer o pagamento das mesmas não realiza nenhum ato de bravura, acredite! É a mesma coisa do que dizer: eu escovo meus próprio dentes!!!(rsrsrs). Os dentes são seus!!! Deve escová-los da mesma forma!
Portanto, o pagador de suas contas seja você, seu marido, filho ,papagaio(rsrs) APENAS paga suas contas e VOCÊ não deve fazer disso um vínculo submisso ou, na condição de ser você mesmo o pagante, se achar o ser mais extraordinário do mundo que pode metralhar a todos que NÃO pagam suas contas.
Por isso, aos que pagam suas contas, acredite, são apenas humanos, não são deuses. Não lhes ofereça suas ideias !
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Escrevi isto somente para mostrar o quanto é absurdo certas expressões que usamos corriqueiramente e, neste caso, pautadas em um vincúlo financeiro, infelizmente tido como algo determinante para uma tomada de decisão.