A sociedade, no chão
"A solidão cantada, palavras em lágrimas compulsivas. Tamanha era a mágoa frente àquela atrocidade que fora apresentada, mal podia pensar com toda a sua sanidade - nunca fora muito sensata, afinal."
Sociedade - vida sem sentido. Nos engole, dentro de um sistema burro, desumano, pobre em virtudes e rico em injustiças. Uma vela acesa e a mente vagava, avançava noite adentro. Era apenas Marina. Marina, de mar, de menina, de sonhos que já não tinha. "Se lecionasse, seria difícil explicar às crianças o que é a 'sociedade', afinal. Diria, talvez, que é a forma de controle mais perfeitamente burra e eficaz". Riu-se e pensou. "Ainda bem que não sou professora, afinal".
Chorava, ainda, às tantas da madrugada, pensando em como seria o dia seguinte. Desespero perante a falta de perspectiva que a assombrava.
Mais um dia a aguardava. Dias repetidos como as figurinhas colecionadas na infância. Ah A Infância... Época em que acreditávamos nas mentiras contadas pelos adultos. Vivíamos felizes, fazendo planos. Todos eles prestes a serem destruídos, feitos em milhares de caquinhos - esperança espalhada por todos os lados.
No chão, o resultado de tudo aquilo que a sociedade produz: sangue e lágrimas.