A mulher no parque

Foi sem maiores discursos que aquela mulher se desfez da proteção dele. Simplesmente tirou as mãos de seu protetor de seus ombros e sinalizou-o que partisse. Não se interessava em pensar como se sentiria depois disso, ele que fosse pro inferno porque ela queria e mais nada.

Ele atendeu, aquiesceu e partiu. Na linha do horizonte o céu tomava matizes de lilás. Um fim de tarde romântico. Um fim romântico sem amor. Era o desfile de samba da vida apresentando todas as atrações possíveis.

Vê-la sentar-se no gramado do parque era de causar surpresa. Ela se desfez do abraço dele pra ver o sol cair. Inconsequente, fechou os olhos pra sentir os últimos raios solares lhe tocarem enquanto os passos de seu passado se multiplicavam. Respirou fundo para preparar uma inquietação tardia.

A tal mulher levantou-se de um lance só, espanou a poeira e suspirou. Parada, franziu as sobrancelhas e ensaiou uma palavra... desistiu, engoliu a palavra e mordeu o lábio inferior. Olhando para o chão, partiu de costas para o sol e para a partida do braço que lhe afagou. Apesar do peso que levava agora, sabia mecanicamente que o fim era isso, somente um dar de costas.

Debora King
Enviado por Debora King em 20/08/2012
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