Os três mundos

Karl Popper em sua linha argumentativa defendia a “existência” de três mundos possíveis. Ouso discorrer sobre este tópico, em especial ouso dar uma interpretação diferenciada, por discordar, mesmo que parcialmente, quanto ao segundo mundo por ele colocado.

O brilhante Karl Popper, que se define como um realista materialista dispõe sobre a existência de três mundos: O mundo Físico, o mundo Mental, e o mundo Conceitual. Discorrerei a seguir sobre minha percepção destes três mundos, como: Mundo Físico, Mundo Subjetivo e o Mundo das Ideias.

Quanto ao Mundo Físico, me sinto bem a vontade de discorrer sobre ele, certo ou errado em minha argumentação, pois sendo um realista e sem a “pejoração” do termo, sendo também filosoficamente um tipo de materialista, o mundo físico é o centro e o escopo geral de tudo que acredito. O Mundo físico é aquele, conforme creio, que envolve diretamente toda matéria e toda a energia, incluindo-se todos os tipos de reações químicas, processos biológicos ou sociais, e que também envolve diretamente a realidade física e prática do mundo no qual vivemos, além de todas as forças físicas, direta ou indiretamente derivadas, ou decorrentes da matéria ou da energia.

O mundo físico é naturalmente o arcabouço de tudo, nada existe além, acima ou a frente da própria natureza, em sua imanência material e energética, não consigo ficar totalmente confortável com os dois próximos mundos, mas também confortável não fico com um reducionismo absoluto, e assim construo, mesmo que temporalmente apenas a existência dos dois próximos mundos.

O Mundo Subjetivo ou psíquico individual (mundo dois): Prefiro a definição de mundo Subjetivo, ao invés do termo mundo mental, exatamente para melhor delimitar a abrangência deste mundo, como sendo tão somente delimitado ao mundo mental ou psíquico de cada um dos animais que o produz por processos complexos biológicos/cerebrais/neurais, e que em especial, pela capacidade de domínio linguístico, podemos discorrer, nos seres humanos. Desta forma o mundo Subjetivo, para mim, é claramente delimitado como o mundo mental de um único ser que o possui, que o cria e que o mantém. Esta diferenciação é importante para distingui-la da possibilidade de um mundo mental global, de um mundo mental total e integrado, de algum mundo mental em rede onde sob o qual possa existir alguma forma de interação, em parte ou em totalidade, entre cada um ser em separado e este mundo mental global, como algum tipo de “incorporação” ou mesmo direcionamento, indução ou aderência. O mundo subjetivo, como o percebo, é totalmente pessoal e intransferível, é assim o mundo criado pela nossa mente individual, em interação direta ou indireta com a interpretação do real mundo físico, pelos processos intermediários mentais. O mundo subjetivo de um ser, seja ele humano ou não, mas que possua complexidade neural para produzi-lo, não interfere diretamente sobre o mundo subjetivo de outro ser, esta interação somente é possível via a participação de algum dos outros dois mundos, o mundo um, o físico ou o mundo três, o das ideias (dos conceitos e da argumentação, que será nosso próximo mundo). Como exemplo, podemos interagir com o mundo subjetivo de um segundo ser, via o mundo um, o físico, por meios materiais ou energéticos como medicamentos, drogas, álcool, choques ou campos diversos, tais como o eletromagnético, e etc. Podemos interagir com um mundo psíquico de um ser, pelo mundo três, o das ideias, pelo convencimento, pela argumentação, ou mesmo pelo medo.

O mundo três, o Mundo das Ideias, dos conceitos, o mundo das teorias e dos problemas, o mundo do conhecimento, o mundo científico, incluindo-se ai o mundo conceitual da abstração matemática (a abstração e os conceitos matemáticos existiriam mesmo que nada existisse para percebê-los, mesmo que nenhuma inteligência fosse capaz de conscientizá-lo, ou pelo menos é assim que percebo). No fundo, não me sinto absolutamente confortável em separar este “mundo” do mundo subjetivo, psíquico ou mental individual, mas ouso esta separação, para delimitar que as ideias são transferíveis, podem ser racionalizadas, criticadas e podem não estar sequer aderente ao meu mundo subjetivo, mas as ideias ganham vida própria, tão logo alçam voo por meio do domínio linguístico. Consigo assim, por símbolos, por modelos, por semântica ou por outros meios torná-las públicas, e a partir daí elas podem se relacionar com o mundo subjetivo dos demais seres que possuam capacidades mínimas linguísticas de se comunicarem e discorrerem de forma crítica ou racional sobre cada ideia. As ideias nascem, crescem, reproduzem-se, evoluem muitas vezes, tomam novas formas, novas vestes, novos caminhos e passam a trilhar um conceito coletivo e social.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 19/10/2012
Código do texto: T3941976
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