"O mito do desenvolvimento sustentável no sistema capitalista".

Quando falamos em desenvolvimento sustentável acho cabível que inicialmente nos façamos algumas perguntas:

Será o desenvolvimento sustentável cabível ao capitalismo que prega uma exploração dos recursos sem limites?

Há como controlar de maneira eficaz a exploração do recurso quando pouco se consegue controlar a necessidade de reprodução da riqueza que o sistema pede?

Quando estudei meio ambiente (2006-2010) vi que isto de sustentabilidade é muito discutido entre muitos ambientalistas do meio, algo muito romântico, muito lindo e que para a área é uma espécie de salvação do mundo.

Acabei também tendo alguns contatos com a lógica capitalista quando comecei a estudar algumas empresas que adotam o tal conceito de sustentabilidade como uma bandeira e o tão aclamado selo da ISO 14000.

Bem, como disse, é algo muito romântico, muito lindo, até eu me fascinei com a ideia da sustentabilidade, mas creio ser inviável para o atual sistema e prejudicial, afinal, seria um modo de regular o fluxo extrativo de empresas e qualquer forma de atividade comercial que gire em torno dos recursos naturais, assim, regulando o fluxo de reprodução de capital.

Não vejo onde cabe ao capitalismo uma "dosagem" de sua exploração impedindo que o lucro se reproduza de maneira crescente, logo, sem limites.

Acabei por perceber que o tal selo idolatrado - o ISO 1400 - acaba por ser uma das inúmeras estratégias de mercado, onde, a empresa que tiver o selo acaba ganhando mais prestígio por sua dita "iniciativa" ambiental, afinal, é algo a mais, algo diferente e, com uma mídia que denuncia certas atrocidades ambientais, acaba cativando o público.

Aqui a sustentabilidade acaba sendo então, uma iniciativa que atrai lucros e assim, cabível. O problema é: Será mesmo que esta dita sustentabilidade esta sendo feita como deveria ser?

A natura é bom exemplo disto.

O gerenciamento de recursos naturais de maneira "eficaz/correta" dificilmente é, ou será, uma lógica muito cabível a um sistema que coloca obsolescência programada em nossos produtos, isto por si, já é contraditório.

Vamos pegar então este exemplo, o clássico de desperdício e regência indevida de recursos naturais finitos.

Oras, termos um computador que dura 5 anos quando, na verdade, poderia muito bem durar mais já, por si, é uma amostra de desperdício de recursos, principalmente quando vemos que muitos destes sequer tem algum processo de reutilização ou reciclagem.

Vê?

Isto é matéria prima, recursos, simplesmente jogados fora em prol do lucro, afinal, de que adiantaria um produto que durasse 10 anos se podem ter um que dure 5 e faça o individuo - devido a sua familiarização com aquilo, ou necessidade - ter que ir comprar algo novo, que também, por sua vez, estará fadado a estragar em um certo período de tempo.

De que adiantaria a reciclagem que faria produtos mais baratos quando tem-se a possibilidade de vender produtos novos e com lucros maiores?

É até engraçado ver como alguns produtos tecnológicos estragam justamente depois que a garantia acaba, sabe.

Agora, me diz, onde a sustentabilidade entra neste quadro?

Em lugar algum, a não ser com um selo que garanta uma maior competitividade no comércio!

Isto de sustentabilidade é prejudicial, bota freios, problematiza a reprodução do capital e o capital não pode e não deve ser freado, isto o traria problemas.

Acredite, se nossas florestas precisarem ser todas derrubadas para o bem do sistema, de alguma maneira, elas VÃO ser derrubadas com alguma falácia que coloque uma parcela da população em conformidade, com o uso da mídia se necessário e pouca atenção com o futuro da natureza.

Isto não é lá grande novidade, a falta de importância com o meio, basta ver o que citei e o que está sendo feito na amazônia.

Vamos pegar agora o caso da água potável que tanto falam.

Se a água do mundo realmente acabar, nós temos lençóis freáticos preciosíssimos aqui e você pode apostar que seriam um próximo alvo dos americanos que, viriam aqui, conseguiriam tomá-la, usariam-na sem se importar coma escassez que estariam fazendo-nos ter como fazem cm outros recursos em outros países e, numa possível criação de alguma maquina que torne a água que nos resta na natureza potável, nos venderiam esta com um preço altíssimo.

Aliás, ao que se diz escassez, temos que ter em vista que também a escassez é algo que amplia lucros, logo, o uso da palavra como estratégia se torna uma arma importantíssima para o sistema.

É isto que o capitalismo faz, ele explora ao máximo os recursos!

Os americanos são um belo exemplo disto, basta ver o que ele faz com os recursos de outros países.

Acha mesmo que ele esta se importando com os recursos daquele país quando passa a tomá-los? Se importando se vai ou não acabar e deixar aquela população sem nada?

Onde entra a sustentabilidade na atividade exploratória africana que se dá desde épocas mais passadas?

O capital e sua lógica reprodutória colocam, dentro da própria lógica, os donos dos meios de produção que também tornam-se alienados por esta num incessante anseio de reprodução e enriquecimento seu, e do sistema, logo, o controle da exploração se torna inviável, medidas de sustentabilidade prejudicam, dão gastos e o meio ambiente que não se regenera tão rápido quanto a exploração pregada pelo sistema de capital, vai-se esvaindo.

E o que acontece quando acabar?

O que será do ser humano sem seus recursos naturais?

E, principalmente, o que será do sistema de capital?

Hoje em dia o mundo é o que a industria, a tecnologia e a ciência o dão em união com o retorno vindo da sociedade disto tudo. O que será do mundo e do ser humano quando a natureza deixar de conseguir provê-lo o necessário? Seus recursos?

Quando digo que tudo nisto aqui gira em torno da busca/gerenciamento de recursos não considero a ideia errada, afinal, o que coloca o ser humano em cheque no sistema de capital é justamente a busca pelos recursos necessários para a sua sobrevivência - e dos seus - que estão na mão de um punhado de empresários que nos fazem ter de pagar por eles.

É seres humanos brigando entre si em guerras para prover a maior abundância de recursos possível para seu povo e, para isto, explorando os recursos que outros países tem, os predando, tirando-os para o bem de sua nação e explorando ao máximo o que se tem por lá de agrado.

É o capitalismo explorando matéria prima ao extremo, sem se preocupar com o auto ataque que se faz com sua exploração sem limites.

Sabe, quando fiz meio ambiente foram estas algumas coisas que, nos dois últimos anos, após começar a me envolver com o Ian e o Lucas (que me despertaram o gosto por ciências sociais) eu comecei a perceber e ver que a luta pelo meio ambiente hoje em dia é algo realmente complicado, para não dizer um caso praticamente perdido.

Quando fazemos uma lei de proteção, quanto tempo dura antes que alguma minimização desta ou o próprio cancelamento desta seja feito?

Ambientalistas atrelados ao sonho da sustentabilidade como se fosse a salvação do mundo em pleno sistema capitalista. Isto sem mencionar o comportamento corrupto de alguns da própria área que afrouxam as rédeas em prol de lucro também.

Não me espanta as medidas ineficazes e o pouco resultado da pratica sustentável, o próprio sistema econômico a corrompe ou a torna inviável.

Outro exemplo disto é o congresso do "água boa" promovido pela Itaipu Binacional que eu participei no meu segundo de meio ambiente cujo amigo meu foi aceito para ir la para Brasilia votar em algumas causas.

Quando se dizia ao uso de agrotóxicos, tínhamos 12 alunos votando contra o uso e cerca de 25 donos de terra votando a favor. Ou seja, como agir em prol do meio ambiente quando temos um mundo que gira em variáveis de lucro?

E pior, temos ambientalistas que seguem a seguinte fala: "O meio ambiente acabando o sistema quebra... A gente deixa acabar e depois tratamos de reestruturá-lo..."

COMO!?

Por que a pessoa se torna um ambientalista para isto?

E quando nossos recursos acabarem?

O que será de nós?

Isto e exploração sem limites é uma lógica destrutiva do nosso mundo, afinal, não sei se ainda passa na cabeça de muitos, mas, nosso planeta é natureza em sua essência.

O investimento na restruturação da natureza, infelizmente, também se torna caro e com retornos a longo prazo, mas, com nossa tecnologia e nossa ciência eu sei que há a possibilidade de termos algo parecido com um meio ambiente agradável e volta.

O problema é ser viável ao sistema ou não.

Acredito também que a prática sustentável é possível, com as devidas medidas de mudança de valores no corpo ideológico das pessoas e o implante das devidas atenções à isto.

O problema é ser viável ou não para o sistema.

O desenvolvimento sustentável, ouso-me a dizer, é possível sim.

Onde?

Num mundo onde os valores dos seres humanos não estejam mais atrelado a uma lógica capitalista de viver; onde os valores dos seres humanos compreendam o que significa o meio natural para todos nós; onde os seres humanos aprendam a gerenciar os recursos que tem em mãos de maneira eficaz para todos e não para o sistema; onde a lógica reprodutória do capital não interfira em tudo.

AyA
Enviado por AyA em 20/10/2012
Reeditado em 20/10/2012
Código do texto: T3942821
Classificação de conteúdo: seguro