Filosofar

Filosofar é para este eterno aprendiz, algo muito nobre e ao mesmo tempo complexo de tão simples que é. Sendo um pouco cético, desconfio até do que penso, mas pensar é parte ativa do filosofar, e eu filosofo, desconfiando sempre, mas me obrigando a buscar o possível limite humano do que desconfio impossível. Sendo um realista materialista, filosofar deve estar aderente a realidade física (matéria e energia e forças decorrentes da matéria e/ou da energia, sem cair no louco reducionismo natural aos mais afoitos materialistas), mesmo sabendo que do físico tenho muito pouco ou nenhuma real experiência do saber, posto que a neurociência comprova que minha percepção é sempre subjetiva e mesmo os aparelhos e equipamentos, sensórios ou de processamento, estão fortemente envoltos em uma teoria qualquer que por definição nasceu e vive subjetiva. Este paradoxo é o que há de mais nobre, lindo e provocativo na filosofia, buscar conhecer o real, quando do real somente tenho informações sensórias remotas, sendo subjetivo meu pensar devo buscar o real, posto que ele existe, mesmo que jamais o perceba, por completo, em primeira pessoa (até mesmo porque sou vários seres em uma única mente).

Filosofar é buscar o conhecimento, com foco firme na procura e na descoberta das verdades, nem que seja por mera refutação, refutando cada erro, mais perto da verdade chego. Outro paradoxo que por si só me movimenta, me encanta, me provoca e me impulsiona pela tentativa de cada vez mais conhecer.

A filosofia é uma espécie natural, de ciência natural, pela e para a natureza do todo, e assim a filosofia não pode abrir mão, sem deixar-se dogmatizar-se ou dominar-se, por teorias puramente abstratas e insustentáveis por racionalização.

A filosofia não pode deixar de levar em consideração, cada vez mais, o que existe de ponta em conhecimentos científicos, em especial nas áreas de neurociência, física, biologia, astronomia, ciências sociais e cosmogênese, mas sem ter uma postura meramente mecânica, e dentro do possível buscando uma interdisciplinaridade que é cada vez mais necessária e reflexo do bom filosofar.

Todos somos um pouco cientistas e filósofos. Todo bom cientista é por definição um filósofo, e todo filosofo deve ter um que de amante da ciência. Sendo humanos sabemos que possuímos crenças, mas que principalmente não podemos deixar nossas crenças dirigir os interesses científicos ou filosóficos, mas em especial devemos estar conscientes, dentro do possível, de que devemos a principio buscar sempre refutar nossas crenças com toda nossa capacidade de racionalidade analítica e crítica disponível, tanto no âmbito cientifico quanto nos âmbitos sociais, humanos, religiosos e filosóficos.

Filosofar é aspirar sinceramente o conhecimento, com o fim primeiro de encontrar, realizar e maximizar sempre a felicidade pessoal e coletiva, é deixar a mente livre, sem que seja oca, direcionado por sã racionalidade, pela capacidade crítica e analítica de se por a par da felicidade, através de um conhecimento verdadeiro, aspirando sempre a excelência, é uma espécie de ciência dos princípios, é mais que uma ciência humana, é uma ciência natural, sem as amarras dos experimentos e sem a liberdade irreal dos loucos.

Filosofar é para mim, na realidade ou na subjetividade, ou na subjetiva realidade do amar de corpo e mente o conhecimento, como uma espécie de estilingue para a felicidade, em uma ética pragmática e natural, que coloque a natureza sempre acima de nós próprios.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 22/10/2012
Reeditado em 22/10/2012
Código do texto: T3946689
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