O MUNDO ATUAL: REFLEXÕES

Caso houver um observador cósmico que acompanhe a raça humana, antes de qualquer fato notaria o crescimento populacional. É um aumento de habitantes contínuo, ininterrupto, inexorável. A necessidade de perpetuarmos a espécie deve ser, acredito, nossa principal característica. Por mais que se propale que ocorrerá a exaustão dos recursos disponíveis para sustentar esse inabalável imperativo, o homem não mostra tendência alguma de reverter a marcha para um mundo com uma população imensa. Por mais que os cientistas tentem, não temos idéia clara das consequências que advirão de um planeta inábitavel devido uma superpopulação. Absolutamente todas as tentativas de reverter essa tendência foram muito tímidas ou rechaçadas por questões morais, ou religiosas, ou sociais, ou de direito, ou, ou, ou. Nada consegue demover os homens dessa vontade de garantir sua descendência. Talvez exista uma razão espiritual para esse processo, mas, como sempre, não nos é dado saber qual é. E, nessa brecha, entram as mais diversas teorias religiosas.

Junto com esse aumento populacional ocorre um aumento maior ainda das bugigangas que nossa raça inventou e se tornaram adereços necessários (graças ao capitalismo, que cria necessidades de coisas desnecessárias) à vida dita moderna. Em março de 2011 ocorreu um tsunami no Japão. A quantidade de caixas, carros, barcos, móveis, e uma inomínavel lista de porcarias (é o único têrmo que me ocorre) criados por nós e levadas pelas águas foi impressionante, assustadora. Será que realmente todas essa imensa parafernália de coisas é necessária para a vida moderna? Após as águas baixarem de nível, a visão dos destroços amontoados me passou uma constrangedora sensação de o quanto nos perdemos, como somos vítimas (ou culpados, causadores) de um crescente descaso pelo que realmente importa para vivermos de modo condizente com um mínimo de racionalidade e decência material, de modo a não cooperar com as forças de mercado que nos levam a consumir sem necessidade. Esse comportamento irracional, que é gerado por uma irrefreável tendência de criar de qualquer maneira necessidades que nunca imaginamos ter, provoca funestas consequências para todos os seres humanos.

E, o que é pior, os danos parecem ser irreparáveis às gerações atuais. É um mundo pavloviano, onde somos frutos de um condicionamento coletivo. Queremos ser vitoriosos, ter os melhores carros, casas, roupas, jóias, desfrutar das melhores viagens, comidas, etc.. E, em nosso condicionamento, o que mede se algo é melhor que outro é uma coisa só: dinheiro. O que determina se temos uma vida melhor que os outros é o preço daquilo que consumimos. Ou seja, perdemos o senso de discernimento do que é necessário para uma vida realmente feliz. O conceito de ser feliz, hoje, está intimamente ligado às nossas posses materiais. Daí o vazio que existe em muitos casos em que, após conquistar muitos bens e fortuna, ocorrem suicídios e diversos outros fatos funestos em consequência dos sentimentos gerados pela obtenção de riqueza.

Enfim, somos totalmente guiados por uma sentimento competitivo deturpado, onde não é importante apenas vencermos, mas que os outros percam (muitos sentem um verdadeiro regozijo em ver seu semelhante não conseguirem progresso material ou em outro aspecto). Considero o querer vencer uma coisa natural, mas torcer para a derrota do outro é de uma baixeza muito grande, como se isso nos trouxesse algum benefício. A crueldade de ver alguém se dar mal tornou-se um comportamento “normal”, que se estende a todos os aspectos da nossa vida ( esportes, cultura, conhecimento, etc.) exceto na educação. Educação como formação pessoal de caráter, de consciência, de personalidade. Como podemos ver acima, todas, absolutamente todas , as ações humanas são decorrentes da Educação. Precisamos cada vez mais de uma educação condizente com o mundo que vivemos. Um mundo populoso, com uma imensa diversidade de comportamentos.

Acredito que devemos não só educar mas também nos edulcorar, adoçar. Precisamos ser mais doces. O que não nos obriga a sermos tontos, ou idiotas. Mas que mudemos nosso comportamento grosseiro tão em moda hoje, que escutemos os outros, que aprendamos a nos sentir no lugar daqueles que nos são próximos. Só conseguiremos isso se entendermos que a boa vontade nasce quando não temos nenhum sentimento de má natureza em relação aos que nos cercam. Nenhum preconceito.