Até já ao patriarca

Meu pai não sabe dizer muito sobre mim, muitas vezes errou o dia do meu aniversário, ou até mesmo a minha idade. O diálogo nunca foi o nosso forte, a distância sempre se fez presente, mesmo quando estávamos próximos, mas não o estou culpando, porque, aliás, não fui a filha mais presente do mundo.

Meu pai errou, porém, não mais que eu, e sempre esteve lá para me corrigir, e eu, errando novamente, o culpava por tentar fazer de mim uma pessoa melhor. Tamanha tolice a minha...

Meu pai não sabe que gosto de escrever, muito menos que algumas pessoas gostam do que escrevo, pouco ele sabe sobre mim, mas não posso culpa-lo, porque o que eu posso dizer sobre ele?

Ele não foi o melhor, mas é o único, e não digo “único” por ser o único pai que tenho, seria um tanto clichê e óbvio, mas ele é uma pessoa única, coisa que qual só consegui compreender agora.

Tenho orgulho de dizer que meu pai sempre fez o possível para agradar a todos a sua volta, um amigo, desses que só se encontra tendo a maior sorte do mundo, e eu tive a sorte de ter esse sangue e de aprender com o melhor.

E sabe, quando tiver meus filhos, farei miojo com ovo todos os sábados com o maior carinho do mundo e leva-los para passear na Rua Direita, porque eu sei que aquele sábado será de tamanha plenitude para eles, assim como um dia foi para mim.

E apesar de tudo, eu ainda espero que ele pare de fumar e beber tanto... Apesar de tudo, eu o amo.

Lu A
Enviado por Lu A em 07/11/2012
Reeditado em 23/01/2013
Código do texto: T3972778
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