Criança Feliz

Criança gosta mesmo é de parque de diversões, jogos online, doces, refrigerantes, frituras, desenhos animados, músicas, brincadeiras... Também gostava de tudo isso, mas eu sempre fui uma criança diferente, meio deslocada. Até que eu era feliz, mas não inteiramente feliz, acho que sempre me faltou algo.

Lembro-me perfeitamente bem de como eu era curioso e sabia de coisas que provavelmente acontecem após a morte. Existia na casa da minha bisavó um livro de mais ou menos 100 páginas com figuras por todas as partes, eu tinha quatro, cinco anos de idade, ainda não era alfabetizado, mas eu pegava aquele livro todos os dias e folheava-o prestando atenção em cada detalhe. Um dia soltei: - Mãe, aqui é o paraíso, já vivi neste lugar.

Mamãe ficou meio assustada, pois o livro se tratava exatamente daquilo, tudo bem que imagens lindas só poderiam simbolizar o paraíso, mas eu tinha uma exatidão de que havia vivido naquele lugar que era uma coisa atemporal.

Gosto muito da escrita porque não existe fingimento, não há como fazer reparos como em um photoshop. Aqui é tudo o que exatamente é. Gosto especialmente de literatura, as outras artes também são maravilhosas, mas é na escrita que eu me acho, que eu me crio, que me faço, me reinvento e me transformo o tempo todo, tendo a plena liberdade de ser, e fazer, o que quiser.

Ainda quando criança, agora um pouco mais velho, nove anos, já alfabetizado. Fiz uma redação sobre a vida. Minha professora disse que eu tinha copiado de algum lugar e não quis me dar nota. Na hora todos riram de mim, eu me calei. No fundo sabia que ela não passava de uma imbecil que não viu o verdadeiro talento que eu tinha pra a escrita. A verdade é que eu sempre achei as pessoas muito idiotas, então fiquei quieto e sobre os meus “amigos” que riam o tempo todo de mim, nem liguei, já estava acostumado a ser motivo de chacota na escola. Nessa época minha diversão era passar o intervalo comendo sozinho na biblioteca. Não tinha amigos, só ganhava peso mesmo. Quanto mais eu me sentia triste mais eu comia, isso foi se tornando uma verdadeira tortura, pois eu estava cada vez mais gordo e mais triste, além de ser ridicularizado tempo todo por ter, sei lá, um trejeito afeminado, por não gostar de brincadeiras de meninos, eu também estava sendo chamado de gordo. Foi uma das fases mais difíceis da minha vida, sofria calado. Mas em compensação, foi aí que me descobri na escrita. Hoje agradeço aos meus “queridos amigos do peito”.

Dizem que quando a criança é muito bonita se torna um adulto feio.

Eu era uma criança triste, agora só estou esperando a minha felicidade chegar.

O meu grande problema foi que sempre pensei demais, isso mata!

Quem pensa muito, demora a achar a felicidade, disso eu já sei, mas dane-se tenho direito e a quero pra mim. – Felicidade! Estou mandando... Venha logo!

Sei muito bem que nada vai remover as cicatrizes que minha infância me deixou, mas o senhor tempo me ajudou a superar e ser mais forte a cada dia. Sinto-me cada vez mais corajoso e brilhante. A criança que eu era, hoje sem dúvidas teria muito orgulho de mim.

Lucas Guilherme Pintto
Enviado por Lucas Guilherme Pintto em 09/11/2012
Código do texto: T3977229
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