Prisão Livre

Temo que meu destino seja esse. Viver nos arredores do vale, com alguém meia boca, meio feliz, meio bonito, meio legal, meio gente.

Temo que minha falta de limitação seja algo irremediável e que não importa onde eu esteja nunca parecerá bom o suficiente.

Tenho medo de o destino existir e eu estar enganado todo esse tempo tentando muda-lo.

Essa coisa de sonhar tem me custado caro.

Medo de acabar tendo que ser uma família “feliz” que almoça todo domingo na casa da matriarca e finge não ter problemas, mas existem dias que tudo o que eu mais queria era ser normal para fazer essas coisas que a população costuma fazer.

A gente só cresce verdadeiramente quando vê a primeira morte de perto, depois as outras são apenas bônus para dar ênfase no amadurecimento. Morte demais já é maldade da vida.

Temo que as bebidas e as drogas não sejam o suficiente para me desligar um quarto do que chamamos consciência.

Acho que o que realmente preciso é alguém que me limite um pouco, que coma essa minha liberdade e que me aprisione, ser livre demais é tão solitário e triste como ser um escravo.

Lucas Guilherme Pintto
Enviado por Lucas Guilherme Pintto em 16/11/2012
Reeditado em 22/11/2012
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