A lua e sós

O corpo retraía-se ao chão em posição fetal, na escuridão do apartamento vazio habitava uma alma desamparada, que dizia entre soluços: Sinto-me tão só.

Remoía-se no chão querendo entrar em si, sentir-se segura, sentir-se aquecida e consolada por si própria, sentir-se tão forte quanto aparentava quando acendiam as luzes, sentir que a felicidade era algo que não dependia mais de ninguém, mas naquela noite, não mais suportou e caiu aos braços do chão que se encharcou as lágrimas e soluços: Eu sou tão só.

Os olhos eram borrados e os punhos fechados, trêmulos. Ela arranjou alguma força e escalou pela parede até chegar à janela, a lua era estonteante aos olhos miúdos e vermelhos, e lhe deu algum sentimento não nomeado, que a fez secar as lágrimas e acender um cigarro. Aquela moça de olhos miúdos e borrados de preto tragou como se fosse a última vez e concluiu a sua amada: Seremos sempre tão sós.

Lu A
Enviado por Lu A em 23/11/2012
Reeditado em 23/11/2012
Código do texto: T4001748
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