Irreal subjetividade

Aquele que formaliza subjetivamente um fenômeno, sem algum fato real, não envolvendo “coisas” reais, acaba por visualizar e perceber um mundo de mera imaginação. Dai para que aceitemos fatos impossíveis é um pulo, meramente por serem estes fatos impossíveis factíveis de serem construídos mentalmente,e isto nos ajuda a confundir as possibilidades do real com as possibilidades do mental, e acaba sempre nos levando a um irrealismo. É fato que percebemos as coisas através de nossa subjetividade. É fato também que independentemente das qualidades secundárias existem as qualidades primárias.

As qualidades secundárias são muitas vezes confundidas com as primárias, uma vez que percebemos facilmente aquelas qualidades secundarias, e muitas outras vezes nem chegamos perto de perceber as qualidades primárias.

As qualidades secundárias são aquelas percebidas subjetivamente como constructos mentais, em nosso subjetivo ser, como os aromas, as cores, o sentimento de calor e frio, a umidade, o medo ou a alegria, que não existiriam sem um ser senciente. As qualidades primárias são aquelas inerentes diretamente a existência do real, aquelas que realmente definem e qualificam as coisas, e que muitas das vezes não percebemos sencientemente. O mundo real é repleto de “coisas” que “possuem” qualidades primárias, mesmo que não percebamos boa parte delas, mas que devemos, necessariamente, buscar, procurar e desbravar.

Um realista não renega os constructos mentais, muito menos as sensações sencientes construídas da realização mente-corporal derivadas de qualidades secundárias, da mesma forma que um materialista não renega a subjetividade, apenas sabe o lugar exata dela, no mundo mental. Um realista sabe que além, e acima destas sensações, têm de existir qualidades primárias que necessitam cientificamente serem buscadas, tendo em mente que conceitos teóricos, como teorias ou mesmo a matemática, sempre nos dirigirão pela busca destas qualidades primárias, que definem as coisas reais.

Eu entendo que o dia a dia nos faz confundir coisas com objetos, fatos, fenômenos e processos, mas imaginar como os fenomenalistas mais radicais, que o universo não existe de forma real, e que é apenas e tão somente a coleção de perceptos mentais de fenômenos, implica que o mundo seria, assim, ilusório, e mais ainda, que o universo não seria um, mas múltiplos e infinitos, uma vez que pessoas diferentes podem, e muitas vezes possuem, percepções diferentes, algumas vezes antagônicas de cada fenômeno.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 24/11/2012
Reeditado em 24/11/2012
Código do texto: T4001957
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