Transparente, como é difícil sermos!

Em nossas vidas criamos nossos charmes, nossas fantasias, segredos íntimos no qual omitimos até mesmo aos nossos amigos e amores de nossas vidas por muito simplesmente para seduzirmos grandes amizades e amores! Com isso construímos com edificações sólidas o respeito das pessoas sobre nós mesmos que ganhamos em vida de nossos amigos, amores e filhos! Assim afirmamos que somos pessoas transparentes e integras!

Nós mesmos costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, honestos e mais nada!

Mas ser transparente é muito mais do que isso. É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, rir, de falar do que a gente sente e pensa!

Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, tirar as fantasias, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar ao longo de nossas vidas!

Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore,

desabroche, transborde em toda a nossa essência de nossos corações e alma!

Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós ou quase todos, decide-se não corrermos esses tipos de riscos em nossas vidas por muito sem nos percebemos disso!

Preferimos a dureza da razão de dogmas e preceitos de nossa sociedade organizada cheia de valores discutíveis à leveza que exporia toda a nossa fragilidade humana em seus pensares mais íntimos!

Preferimos por muito o nó na garganta e às lágrimas que brotam do mais profundo íntimo de nosso ser!

Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas de regras construídas de nossa sociedade e nossos ancestrais a simplesmente a nos entregar e admitir, que não sabemos quase nada da vida e que temos muito medo disso!

Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos em nossa essência e alma, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção neste mundo em que vivemos!

E assim, vamo-nos afogando mais e mais em falsos valores, em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos de nossos corações!

Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado por muitas idéias viciosas e valores ultrapassados de nossa sociedade como um todo!

Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar, nossa doçura, nossa compaixão a nós mesmos por muito e ao próximo!

A compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho durante o dia ou antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos e rapidamente buscamos a paz da acomodação em nossas mentes e corações!

Daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar nem àquelas pessoas que mais amamos!

Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: você está me machucando... Pode parar, por favor?

Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser medíocre ou menos do que os outros!

Quando, na verdade, se agíssemos simplesmente com os nossos corações, poderíamos evitar tanta dor, más tanta dor as pessoas que amamos, ao próximo e a nós mesmos!

Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura e essência de nossos corações e alma! Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, nosso amor e não desejar parecer que somos simplesmente invencíveis e infalíveis aos olhos dos outros!

Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto que consigamos docemente simplesmente viver... Sentir, amar, respeitar que somos iguais uns aos outros, com os mesmos medos de tudo e de todos... E que você seja não só razão, mas também coração e alma, não só um escudo, mas também sentimento tenro e puro!

Sejamos transparentes, apesar de todos os riscos que isso possa significar em nossas vidas.

Celme Castro

Fernando A. Troncoso Rocha.