Palavras não podem servir de testemunho

Como diria Shakespeare, “... até o diabo pode citar as escrituras quando lhe convém...”, palavras não são capazes de servir de prova ou de testemunho de dignidade para ninguém. Sim palavras possuem muita força, mas esta força está diretamente envolvida com a capacidade que elas possuem de induzir, de convencer, de derrubar, de humilhar, de alegrar ou mesmo de tumultuar e nunca de servir de testemunho acerca das verdadeiras intenções e comportamento de ninguém. A força da palavra está em atuar sobre terceiros, seja de forma construtiva, ou seja, de forma destrutiva.

Não creio no transcendental, por isto não creio em deuses, e diretamente assim não creio em demônios e muito menos em que as escrituras sejam sagradas (entendo que elas possuem lindas passagens, de dignificação da vida e do homem, mas entendo também que ela possui passagens que me entristecem e envergonham). As frases possuem por si só vários sentidos, uma frase pode ser aplicada de forma literal, metafórica ou até mesmo com “anacoluto”, e nada no fundo significar. Assim qualquer um, seja ele um sábio (também não creio em sábios absolutos), ou um energúmeno, seja ele um ser humano digno, ou um verme social indigno, seja ele um trabalhador sério pelo bem estar e pela felicidade social, ou seja ele um perverso, repugnante, víbora e maléfico homo sapiens, todos podemos por seriedade, por vaidade, por mero convencimento, por defesa, por interesses diversos recitar passagens inteiras das escrituras, ou mesmo de qualquer livro considerado sagrado pelas diversas religiões.

Palavras podem abrir portas tanto para o bem quanto para o mal. Palavras podem ajudar ou destruir. Palavras podem salvar ou matar. Palavras podem convencer ou perverter. Palavras podem dissimular a verdadeira intenção por detrás do falante. Palavras podem, o que é pior, serem verdadeiras, para o bem ou para o mal, ou podem ser descaradamente mentirosas, ”firulando” entre a falsidade simples ou mesmo entre a perversidade planejada e intencional. Frases, por mais belas que sejam não servem de testemunho real da dignidade de ninguém.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 23/12/2012
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