Gritos de paz.

Eu não ligo mais para a dor, pois ela já se tornou um membro constante em minhas veias. As paredes não escutam mais meus suspiros de agonia e meu teto mofado não serve mais de inspiração para devaneios ao longo da noite. Eu não ligo mais pelo fato de minha nostalgia ter se tornado poesia, e meus pesadelos em marcas de unha cravadas na cabeceira. Se eu disser que ainda está chovendo dentro de mim seria contraditório, afinal, o inferno do meu peito já secou todas as lágrimas ensandecidas em minha face. Já engoli prantos demais e creio que elas não serviram de analgésico para a minha convulsão interna. Boatos de que a felicidade anda solta por ai e que pertencerá ao primeiro que abrir as portas da alma, instigar a mente com um poema e sorrir com um novo amor, como já faço, e creio, que no meio de tantos defeitos, o que mais me prejudica, é não lavar a alma das impurezas antes de abri-la pra felicidade. Poderia considerar tanto como defeito, tanto como mania, não faz diferença. Serve de obstáculo para os meus gritos de paz na mesma intensidade.

Julia Machado
Enviado por Julia Machado em 24/12/2012
Reeditado em 24/12/2012
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