Gritos de paz.
Eu não ligo mais para a dor, pois ela já se tornou um membro constante em minhas veias. As paredes não escutam mais meus suspiros de agonia e meu teto mofado não serve mais de inspiração para devaneios ao longo da noite. Eu não ligo mais pelo fato de minha nostalgia ter se tornado poesia, e meus pesadelos em marcas de unha cravadas na cabeceira. Se eu disser que ainda está chovendo dentro de mim seria contraditório, afinal, o inferno do meu peito já secou todas as lágrimas ensandecidas em minha face. Já engoli prantos demais e creio que elas não serviram de analgésico para a minha convulsão interna. Boatos de que a felicidade anda solta por ai e que pertencerá ao primeiro que abrir as portas da alma, instigar a mente com um poema e sorrir com um novo amor, como já faço, e creio, que no meio de tantos defeitos, o que mais me prejudica, é não lavar a alma das impurezas antes de abri-la pra felicidade. Poderia considerar tanto como defeito, tanto como mania, não faz diferença. Serve de obstáculo para os meus gritos de paz na mesma intensidade.