FILA DE PAPAI NOEL ("Odeias-me? Entra na fila." — Kurt Cobain)

As pessoas produtivas, as quais mais precisam do seu tempo de vida útil, trabalhando e produzindo, são as mais perdedoras de tempo por métodos obrigatoriamente abusivos, tolhendo-lhes a fluidez: filas únicas. Entendo, nesse contexto, sobre os privilegiados como sendo também discriminados. Passam-se outros "privilegiados" na frente de qualquer um solteiro com uma aparência descansada: Mulheres grávidas, velhos, crianças no colo, portador de necessidades especiais tomam seu lugar (estou sugerindo a fila personalizada, escoando rapidamente e que, em nome da misericórdia, ninguém seja o empecilho do outro).

Reclamam-se muito das filas intermináveis, mas jamais se inventou nada melhor para a alegria do pobre. O nível social está no comportamento da fila, tem gente tão viciada que não pode ver uma fila, logo se posta ali, até mesmo sem saber a finalidade dela. No final de uma fila, qualquer coisa é lucro, pois se alguém se submete a ela, tem muito tempo a investir, ou melhor, de forma alguma valoriza seu tempo. Em alguns casos, tornou-se um emprego segurar lugar na fila, sendo ela com a finalidade que for. E há sempre quem pague bem!

A fila que mais me impressionou foi em frente a uma loja, nesse Natal, era uma fila de candidatos a Papai Noel, nem as crianças acreditam mais nessa história confusa, diga-se de passagem. Mas, existia ali uma fila peso-pesado. A escolha de Rei Momo também é assim. Isso é Brasil de Janeiro a Dezembro, uma farra só. E eu de longe nunca ganho um ovinho de chocolate para comemorar a Páscoa já destituída de significado, também nem gosto de fila! Aliás, dos motivos das filas intermináveis, só gosto do feriado prolongado. Um atrás do outro, em forma de fila!