Quando o silêncio

Quando o silêncio deixar de nos atordoar, talvez estejamos mais próximos de nós mesmos, ou talvez estejamos em plena fuga de nossa humanidade.

Não nos cabe esperar uma paz interior completa, somente quando o nada nos for comum, encontraremos esta paz eterna, mas infelizmente aqui não estaremos para a realizar e experimentar. Somos muitos e complexos, a paz nos será dada quando aprendermos que mesmo no tumulto de nossa existência, e sem nos conhecer completamente, podemos crescer, aprender e nos integrarmos como unos em pleno tumulto social. O melhor que nos cabe é construir nosso existir, dentro de uma revolta salutar, dentro de um levante contra o que aqui está de desumano.

Se a paz pode existir, ela existe na entrega social de nós mesmos. E não pode existir nenhum silencio que nos cale a revolta de trabalhar em forma de uma entrega total pela dignidade social e humana. O silencio da omissão deveria nos envergonhar. O silencio da fuga deveria ser tão perverso que nos fizesse mal. O silencio do abandono e do desamor deveria nos bater tão forte na alma que seria melhor morrer a nos silenciar. Infelizmente nossa humanidade não fala tão alto e nos silenciamos por muito pouco, enquanto irmãos gritam em desespero de causa pela cruel situação de exclusão social e humana.

Normalmente não me sinto confortável com a ideia de universais, mas se existe um universal, este deveria fluir entre a dignificação da vida e a possibilidade de um bom viver.

Um amor que se cala é falso, é fraco, é um nada. O Amor deve nos fazer atuantes e transformadores, nos transformando e tendo a coragem e a ousadia de se expor na transformação da realidade que coniventemente ajudamos a criar.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 28/12/2012
Reeditado em 28/12/2012
Código do texto: T4056309
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.