Outro dia eu fui à lan house, ao Facebook. Ali eu li que quando escrevo sobre textos alheios que posto — neste particular, um de Emil Cioran sobre mutação do amor —, naquele espaço, eufemisticamente me disseram que complico e os obscureço insuportavelmente. Lá pra trás eu fui sugestionado a fazer breves reclames do q’eu publicava de outros, e assim atrair leitores... Tentei, mas, com os chamados, enxoto.
  Os meus escritos em si... bem, deixa pra lá.
  Naquele instante à internet, achei que o exclamativo não seria mais do que fraterno puxão de orelha a modo d’eu me preservar...
  Pois sim, nem não — nas entrelinhas das poucas linhas percebi mais que intenção, mas embasamento à qualidade! O interessante que encuco é que o texto em si, o do filósofo romeno, nem foi aventado.
  Vindo ao Paiol Velho, ajuntando causos recorrentes, dou com um desconcertante, e tão recente: um dos presentes à confraternização natalina que fui — coisa pequena, de família —, ventila inconveniências a mim e, por tabela, sobra aos demais. Gesticulando a fala, monopoliza assunto dizendo-se enfadado quando se distrai e compulsa meus escritos na tela, generalizando-os, embate. Diz que costuma ler coisas de rápida digestão por que a vida, hoje... hoje na vida representamos minguados caracteres (letrinhas alfabéticas, palavra que estendo à concepção do plural de caráter). Carente de vogais, de consoantes pareadas indispõe afoitos fonemas resultando em silabada de arrítmica leitura dinâmica — “Literatura” do jornal Folha de São Paulo e a da revista Bravo!...
  Num ‘guento, aspeio a rubrica estética da linguagem escrita do garboso apontador... Assim que a refere, maiúscula e palatável. Articulistas autênticos dessas publicações, nem tem tais pretensões — além dos vínculos a tais veículos, pretendem tão-só noticiar, quiçá fazer reportagem produzindo jornalismo variado. O uso que cada leitor faz do produzido pelos periódicos, se transmutado, varia a produto coisificado, e travestido como magnificência do consumo posto à mesa, convivas feitos sapientes se deliciam...
  De meu interlocutor natalino ligado à Arte, seu lastro afirma da composição de escritura; no entanto, a minha, mero expurgo, ele diz sugerir o inestético, tremendo desvio estético, e bababá...
  Bem.
  De volta ao Paiol Velho encuco se meus avaliadores teriam razão de pensar que escrevo complicado pra daná. Num sei... E eu achando que o faço bacana, duma maneira coloquial, beirando à oralidade... Achava que escrevendo ao meu parco relacionamento em rede social, assim não me atolaria perdido na movediça solidão.
  Mas não, faltou dizerem que não conecto cu com bunda, que tô pra lá de variado, semelhando leproso...
  Com esse episódio, rumino que já me abstive de tanta porcariada de droga, assim, na marra — todo dia 24 horas por dia... E já se vão nove meses! Se há tempos eu dispensasse de rascunhar em rede, ou antes, se dela tivesse prescindido à tentação da prova, vige, nada disso... eu não teria metido os pés pelas mãos!
  Canseira medonha! Não pelo que ouvi, não, mas por ter de, outra vez, por ter de tentar me reinventar.
Reconheço o consenso — enrustidas vozes ajuntam-se ao coro...
  Por fim, agradeço a sinceridade.
  Aos amigos e "amigos", desejo tranquilidade.
  Bye-bye.

 
Germino da Terra
Enviado por Germino da Terra em 29/12/2012
Reeditado em 30/12/2012
Código do texto: T4058349
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