Descarga dos meus medos

Muitas podem ser as definições de “paraíso”. Muitos anseiam por felicidade. Muitos querem muito. A felicidade está nas paisagens naturais que eu tanto adoro, no horizonte, na paz que o horizonte me dá. A felicidade está no sorriso das pessoas que eu gosto, está em fazê-las feliz. A felicidade está na mãe ao dar a luz a uma criança, está num casal apaixonado, está nos sentimentos. A felicidade está em saber apreciar a vida, saber vivê-la bem. Afinal, o que vale mais trabalhar exageradamente para ter um alto padrão de vida na sociedade ou passar mais horas com a família? Simples. A resposta está na simplicidade. Com essa simplicidade será feliz.

Às vezes meus planos escorrem pelos meus olhos, sensação de não conseguir cumprir meus objetivos, medo do que estar por vir, medo de não ser feliz como sou agora. Medo. Simplesmente estar com medo. O futuro me assusta e me dá náuseas. Eu que sempre quis passar pelo que estou a passar. Sempre quis sair de casa, ir embora e ser independente. Agora, parece que essa coragem escorreu pelas minhas mãos como água ou areia. Parece que não posso mantê-la.

Há quatro anos eu poderia contar os dias para ir embora de casa, mas me tornei tão feliz nos últimos dois anos que não quero mais. A minha felicidade é estar no meu lar, com as pessoas que amo. Não sei se me trará felicidade um lugar novo, com pessoas novas. O que me encantava me dá medo. O que estava longe agora bate a porta. O meu agora me assusta. O futuro chegou, e o que eu fiz? Passou tão rápido.

Meu ensino médio já foi embora. Não sou mais aquela garotinha bobinha, mimada, fútil e que sonhava em estar longe da cidade pequena. Agora quero ficar, mesmo sabendo que tenho que partir. O sonho alto de ir morar em uma cidade grande onde “tem tudo” já não me deixa tão contente, lá não terei tudo. Não serei completa. Minha família estará longe, ficarei com saudades. Chorarei. Meus amigos, cadê todos por perto? Cadê que terei todas as nossas reuniões, filmes e estudos? Quero meu desespero de estar no ensino médio e no técnico, quero o desespero de não saber se vou passar no inglês, quero o desespero de ir mal em matemática, quero voltar. Não me arrependo das coisas que fiz, mas queria fazê-las novamente. Queria poder tentar tudo de novo... Queria mesmo querer fazer tudo que sempre quis, queria não temer. Sei que estou pronta, afinal me preparei para isso. Mas, não deixa de ser assustador. Não deixa de haver medo, insegurança, receio de dar tudo errado.

Será que fiz a escolha certa de profissão? Será que serei uma boa profissional? Será que é realmente preciso uma profissão pra ser feliz? Será! O que será de mim?

Júlia Farolfi
Enviado por Júlia Farolfi em 05/01/2013
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