Perdido em mim mesmo

Perdido em mim mesmo, me perco na existência do que sou.

Perdido em mim mesmo, me perco em quem sou, em quem posso ser, e em especial no em quem devia ser.

Perdido em mim mesmo, me perco na realização do meu próprio viver, pois perco-me primeiro nos muitos que sou.

Perdido em mim mesmo, me acho perdido sem saber como fazer, sem sequer saber o que ser, ou como lá chegar.

Perdido em mim mesmo, muitas vezes retorno ao que já não mais era, pois volto a ser agora aquele que já não mais ontem era.

Perdido em mim mesmo, sou assim, pois humano sou muitos, pois humanamente ainda não aprendi a ser verdadeiramente humano.

Ilhado eternamente enquanto o presente me fizer eterno, me vejo um, sendo muitos e me perco acreditando que me achei, pois mal vejo um palmo além de mim mesmo. O umbigo parece ser a distância maior de meus interesses.

Perdido em mim mesmo, sou eu. Um perdido que não se entrega fácil, um elo confuso e atrapalhado de mim mesmo, em mim mesmo e comigo mesmo, que mesmo na busca de se humanizar se perde várias vezes, e aprende a se achar em meio a sua própria perda do que é a cada instante. Este sou eu, muitos, complexo, mas desta multiplicidade de seres, em plena revolução dos seres, na complexidade de mim mesmo emerge alguém que luta para crescer humanamente, mas que não passa de um perdido em pleno caos do que é.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 11/01/2013
Código do texto: T4078261
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