"Sobre Silas Malafaia e seu discurso sobre o homossexualismo..."

Engraçado o discurso do Silas Malafaia quando faz a menção a um tipo de caos social seguido do fim da espécie humana por conta da homossexualidade...

Diz o dito cujo que foram criados genes de "machos" e de "fêmeas", que a família essencial - ou correta - é constituída de um homem, uma mulher e sua prole e que, se um comportamento homossexual se espalhasse muito seria um tipo de "fim da espécie humana" por impossibilidade de perpetuação da mesma.

Tudo bem, acredito que, de fato, dois homens não consigam copular e produzir uma prole, isto é biologicamente cabível mesmo (ao mesmo até onde eu sei), tal como duas mulheres, num estado de completa homossexualidade de comportamentos realmente poderia causar um abalo. Mas, como dito, isto se partirmos da premissa de que TODAS as mulheres começassem a ter comportamento homossexuais e também TODOS os homens, assim tornando a reprodução nula.

Este dito comportamento homossexual então seria unânime, um comportamento que depende de muitos fatores inclusive sim, ambiente, o desenvolvimento do ser social e, claro, a genética cuja diz claramente em estudos que é geneticamente impossível se ter uma população completamente gerada em favorecimento a uma situação do tipo e que sim, nascem pessoas com genes homossexuais, mas nunca todas.

Se falarmos em matemática, com uma população tão alta como a atual, isto coloca as probabilidades lá em baixo!

Além do mais, estas regras morais, éticas e demais são tão dinâmicas quanto a sociedade em si, assim sendo, duvido muito que em um evento inesperado como o da espécie estar nos últimos suspiros rumo a extinção devido a uma "anomalia" no comportamento humano que agora pôs todos em comportamentos homossexuais tornando a espécie impossível de reproduzir-se, teríamos tanta polêmica e criticas quanto assuntos como a reprodução em laboratório e coisas do tipo.

Toda esta dinamicidade parece que foi muito subestimada (para não dizer ignorada) nesta discussão e o dito Malafaia mostra-se tendo uma visão bem determinista e extremista do que diz quando defende suas tão valiosas "convicções".

Ou é isto, ou é aquilo, não há meio termos ou variáveis interferentes, tudo parece seguir uma linha de ação e reação lógica, presumível, pelo visto previsível e invariável e que é grande um erro, afinal o mundo nunca foi assim e talvez nunca seja, para a nossa felicidade.

É o mesmo quando disse respeito ao formato ideal de uma família e até mesmo disse ser inútil a causa das lutas homossexuais, fotografias de casais com filhos felizes e, pior, que dois homossexuais não podem criar um filho corretamente por simplesmente não serem uma família constituída por um macho e uma fêmea, assim impossibilitando os filhos de criarem juízos corretos, sendo até mesmo possível uma espécie de direcionamento psicológico, ideológico, "filosófico" e comportamental, afinal, para ele homossexualidade é apenas questão de um comportamento escolhido/adotado.

Esta visão determinista de tudo chega a ser ridícula e, provavelmente, se a homossexualidade fosse apenas questão de um reflexo tido nas experiências de vida de um individuo teríamos muito menos homossexuais entre nós, afinal, não temos uma sociedade formada em moldes propícios a um homossexual, se tivéssemos eles não estariam em sua luta por seus direitos diariamente por ai.

E não, os direitos deles não são algo que eles querem para se manter intocados, não vejo em parte alguma onde eles tem algum plano de serem um tipo de "grupo" acima dos demais seres sociais.

Mas, voltando à questão da formação de um homossexual.

Tudo bem, não posso discordar que moldamos muito de nós a partir da observação de nossos próximos, afinal, o ambiente familiar é responsável por uma parte importantíssima na criação de um ser humano, na formulação de seus valores e reflete em muito do que vier no seguir de sua vida.

Oras, não são distantes os casos de psicopatas, pedófilos, estupradores, assassinos e demais comportamentos que vêm como resultado de uma família mal formada, uma criação mal acompanhada/dada e tudo mais. De fato, isto certamente tem sua relevância, porém há de se ter em conta que não é apenas o ambiente familiar que se torna variável na formação de um individuo e seus valores/hábitos individuais/sociais.

A família tem uma carta forte nisto, porém há outras cartas neste jogo como as interações sociais feitas fora do ambiente familiar como os moldes sociais que uma sociedade invisivelmente - ou nem tanto em alguns casos, o nosso por exemplo - impõem,contexto cultural, moldes culturais, situações individuais, a genética, enfim, variáveis cujas todos nós somos diariamente bombardeados mesmo que imperceptivelmente.

Se formos adotar esta lógica determinista de tudo pondo a impossibilidade da criação de um ser humano por simplesmente o casal ser homossexual ao invés de um homem e uma mulher e tudo refletir nos valores adquiridos pelo filho que consequentemente vai adotar comportamentos homossexuais temos que ter todas estas variáveis agindo em conjunto e, assim, criando uma reação que sim será um verdadeiro reflexo da homossexualidade.

Temos de ter um individuo com a genética "correta", a criação sendo feita por pais homossexuais que, consequentemente serão estimulantes ao comportamento a ser adaptado, as interações do mesmo sendo feitas de modo estimulante homossexualmente e refletindo em seus valores como, ou, como diria Malafaia certamente, "mal feitas", algum tipo de sociedade estimulante ao homossexualismo ou, no minimo, aberta a hábitos sem riscos e coisas do tipo (embora isto nem sempre impeça), uma cultura com traços marcantes e também, no minimo, estimulante/liberal e olha lá, afinal, são variáveis que não se deixam de lado, porém, também não são todas.

Quando falarmos em família também não há de se tratar tudo de maneira tão determinada.

O sentimento familiar entre pais e filhos também não se quebra por uma "alteração indevida" na ordem estrutural clássica familiar e também não gira apenas em torno da percepção de que há ali um homem e uma mulher e se não houver não é família.

Isto é o que a sociedade faz, não dois pais e uma criança tentando viver.

No nascimento sim temos uma intimidade com a entidade materna e, em seguida, com a paterna, isto tem sim uma dita importância, mas não é tudo nem numa família, nem na vida de alguém.

Certas variáveis como um convívio com duas pessoas de gêneros diferentes podem sim ser de muita valia na criação de uma pessoa e em suas futuras interações com a sociedade, mas não condenam alguém a um futuro de isolação social ou coisa do tipo, não condenam ninguém!

A gente vive aprendendo!

Não aprendemos tudo de uma hora para a outra, principalmente no que se diz viver em sociedade!

O sentimento de família vem de um tipo de coletividade, de laços afetivos estabelecidos com pessoas próximas em seu cotidiano, principalmente ao que se diz dentro de um ambiente - como uma casa - e que tem interações intensas com você e, principalmente, não é ditado por sociedade alguma, por religião alguma, é construído!

E olha lá que nem sempre sobre desejos!

Uma criança não vai ser um monstro, ou um psicopata, ou um homossexual perigoso socialmente, algum depressivo, ou uma pessoa com transtornos psicológicos apenas por não ter uma família composta de maneira sexualmente apta a reproduzir-se e nos moldes evangélicos.

Dois homens, ou duas mulheres, podem dar o sorriso ao rosto de uma criança um aprendizado, a possibilidade de criar valores heterossexuais, uma infância feliz, um ambiente gostoso, tal como um homem e uma mulher podem, o sentimento familiar e suas aptidões não vão ser diferentes - não determinadamente de modo a fadar alguém a ser um problema para a sociedade - e não são as palavras "pai" e "mãe" que serão obstáculos...

O que pode ser um obstáculo presente e surtir efeitos psicológicos sim é uma sociedade hipócrita, homofóbica, machista e pregadores que tratam homossexualismo como desgraça da nossa espécie fazendo estas crianças, seres MUITO bem criados, sentirem-se acuados, envergonhados, censurados, desmerecidos e diferentes do normal os colocando num ambiente de intenso conflito ético, moral, filosófico, existencial, psicológico todo santo dia e sua vida.

E sim pastor, você faria a vida de seu filho homossexual um INFERNO se, como disse você, amasse-o 100% e discordasse dele 100% também!

Além de o individuo sequer saber no que contigo poderia contar iria ter um pai presente que não forneceria os estímulos necessários para o "alto astral" de uma criança/jovem em sua formação como ser social.

Experimente você viver dentro de uma casa cujo pai insiste em querer te "converter", ou que lhe contraria, da sermão, não apoia em tudo o que faz e que pode cheirar homossexualmente aos olhos de alguém que direciona sua ótica a anti-homossexualidade.

É um inferno!

Um inferno psicológico!

O inferno Malafaia, é o que acontece na sua cabeça quando você se vê em desacordo com o "esperado" na sociedade! É quando você quebra uma "regra", seja legal ou social, e perde a chance de viver em "paz"! É quando você se vê em desacordo com toda uma maioria social e desprotegido contra as adversidades do dia-a-dia!

E, principalmente, quando não tem alguém para te apoiar por simplesmente ser você, ou apoia querendo mudar o que você é!

Isto é sim um verdadeiro inferno!

O que vai ocorrer daqui a 30-40 anos?

Pode apostar que não teremos um tipo de "apocalipse homossexual", tão pouco uma população de psicopatas, pessoas com problemas psicológicos, assassinos, pedófilos, etc de 90% botando tudo no caos.

O que talvez possamos ter é um pouco menos de ignorância, hipocrisia e sim mais humanidade ao se tratar de assuntos humanos, algo que você dificulta e muito!

Você não é profeta cara, nem eu, nem ninguém, não tente prever futuros tão distantes, por favor.

Não teorize um tipo de caos a partir de pessoas que apenas querem viver normalmente como cada um de nós, e, por favor, não queira me fazer acreditar que são um risco em sua luta por direitos igualitários, nem que o resultado uma família homossexual - um filho e o futuro disto tudo - esta condenado por simplesmente ser criado pessoas do mesmo sexo, nem que amando um filho, mas discordando de todo o seu "personal" a vida da pessoa será normal e saudável.

Papo furado.

Sua postura é, sem duvidas, multi ótica ao se analisar, digna de alguém tão convincente quanto você é para ter toda esta atenção, até acho isto muito interessante, mas há o que se refletir sobre isto.

A sociedade é dinâmica pastor, deveria começar a observá-la mais antes de declarar tão abertamente que tem fortes convicções e que faz de tudo para protegê-las, afinal, o primeiro choque ocorre nela e muitos de nós tem, o segundo e mais infernal ocorre em você, no inferno presente em sua cabeça como na de todos nós, inclusive os homossexuais.

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Nota:

Peço perdão por alguma ignorância, não sou um super estudioso, foram apenas pontuações minhas sobre o assunto.

Livre a conclusões.

AyA
Enviado por AyA em 05/02/2013
Reeditado em 05/02/2013
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