Cresci

Tenho a impressão de que já disse esta mesma coisa, mas não sei que colocação me cabe, entre menina e mulher. Só sei que cresci.

Nas últimas férias, estive com vovô, que cismou que eu estava mais alta, só que não é apenas disso que falo. Sorri e balancei a cabeça, senão sabe Deus que tamanho teria essa teima.

Cresci, porque carreguei um molecão dentro de mim, que, de tão esperto, tem o peso do que falta no mundo. Fui abrigo e alimento. Atingi a plenitude. Cresci, pois sempre que brincamos de pega-pega, sou eu que determino a hora de parar. Sou eu que “estrago tudo”. Cresci porque, às vezes, tudo que eu queria era caber no colo de vovô, sem ser incômoda ou, quem sabe, me esconder atrás da porta, onde ele costumava me encontrar todos os dias, antes do almoço. E também porque finais felizes não me satisfazem; quero mais é que não termine e que o cavalo do príncipe seja um pouco mais ágil, por favor. Passo pelas minhas bonecas sem grandes ideias, apenas a de conservá-las mais uma década e já faço planos de apresentá-las a minha (futura) filha. Hoje, é o corpo de vovô que se ergue para abraçar o meu, e não o contrário. Ah, mas os abraços são os mesmos, graças a Deus. Enfim, entendi que tamanho e altura são coisas distintas. Cada um cresce à sua maneira. Não alimento a ambição de ser a maior pessoa do mundo e, cá pra nós, ambição é uma palavra que pouco utilizo, enquanto escrevo minha própria história.

Cresci por muitas coisas, mas, sobretudo porque, todos os dias a vida me exige uma postura melhor. Consciente, resolvi atender às expectativas. Cresci.

Natália Meneses
Enviado por Natália Meneses em 02/03/2013
Reeditado em 02/03/2013
Código do texto: T4167775
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