O MAIOR MAL DO BRASIL

Todo país, por menor ou desprezível que seja, possui algo que o destrói – um mal; seja este mal uma doença, uma ditadura, não importa. Todo país tem um mal que o retira do patamar de perfeito para colocá-lo no patamar de imperfeito. E o Brasil não é diferente, pois ele também possui o seu mal, aquele que traz à sua sociedade os seus maiores problemas. E o mal do Brasil é o seu povo.

Sim, foi exatamente isso que você leu. O maior mal do Brasil é o brasileiro. Muitos, neste momento, estarão pensando que o maior mal do Brasil são os políticos corruptos, mas não são eles – não que eles não sejam um grande mal. O maior mal, aquele que destrói com maior intensidade o país, é o próprio povo que o compõe. E será explicado o porquê.

O brasileiro é criado de uma maneira que ele, sempre que possível deverá auferir uma vantagem às custas do outro – ou seja, sempre que a situação lhe for favorável, o brasileiro fará de tudo para ganhar uma vantagem em detrimento de outrem, seja não devolvendo o troco ou não devolvendo o bem de outrem que encontrar, seja colocando como esforço ou trabalho próprio, esforço ou trabalho alheio, entre outros tantos métodos possíveis. O brasileiro não é honesto, o brasileiro não é criado para ser honesto; pelo contrário, o brasileiro foi criado para que tudo na vida “se dá um jeitinho”. Ser íntegro, honesto, devolver o troco e o bem de outrem que porventura achar, não auferir vantagem em detrimento de outrem é ser “estranho”, é ser “diferente”, é ser motivo de chacota.

Além do mais, o brasileiro sequer cumpre as leis que lhe são impostas – deve-se ressaltar que a lei serve para apaziguar os conflitos entre as pessoas, em troca de uma paz comum. Mas o brasileiro não respeita as leis do Brasil – mesmo depois fazendo um discurso sensacionalista sobre “como é vergonha a imensa violência que assola o país”, ou “como é vergonhoso a corrupção que destrói a segurança, a educação e a saúde dos brasileiros”. Se o próprio brasileiro não cumpre as leis, não há porque se esperar que os outros a cumprem. E não é difícil encontrar exemplos de falta de cumprimento das leis por parte dos próprios brasileiros: o empregador brasileiro não respeita os direitos de seus empregados; o motorista brasileiro não respeita os semáforos e os limites de velocidade dos lugares onde trafegam, isso quando não dirigem alcoolizados; grande parte dos funcionários públicos brasileiros são facilmente corrompidos, ou pelo suborno ou pelo cargo que exerce, sentindo-se superiores às demais pessoas e à própria lei; os menores brasileiros bebem e fumam, e ainda sob o aval dos pais, mesmo sendo legalmente proibido. E novamente é dito: aquele que cumpre exemplarmente a lei, é chamado como estranho, diferente ou é motivo de chacota.

Todos colocam a culpa dos problemas existentes no Brasil nas costas dos políticos brasileiros – seja a falta de infraestrutura básica; seja a falta de segurança, saúde ou educação; seja o aumento da criminalidade; seja a corrupção; seja a politicagem, não importa. Entretanto, deve-se lembrar de que os políticos vieram do meio do povo, para representá-lo. E o político nada mais é do que representante do povo que o elegeu, o político nada mais é do que o espelho da sociedade em que vive. Se os políticos do Brasil são corruptos, nada mais é porque o povo brasileiro é corrupto. A única diferença existente entre um político que desvia milhões da verba destinada, por exemplo, à saúde e alguém que não devolve cinco reais de troco, é que o primeiro teve oportunidade de desviar para si um montante maior de dinheiro. Contudo, caso o segundo estivesse no lugar do primeiro, certamente desviaria o mesmo montante, da mesma forma.

Para que o Brasil mude, para que a corrupção acabe, não é apenas trocar os políticos que governam esta nação, é necessário que se faça uma revolução, não de armas, mas de cultura, de educação, para que se torne parte da cultura do povo brasileiro a moral, a honestidade e a integridade.

Rodrigo Picon
Enviado por Rodrigo Picon em 03/03/2013
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