"Advogados, juízes ou 'técnicos em direito'?"
Na Palestra de ontem realizada pela UNIOESTE de Marechal sobre AS FUNÇÕES DA PSIQUIATRIA NA JUSTIÇA o então convidado Dr. José Elias disse algo um tanto interessante, algo que eu já havia ouvido em semelhança de um assessor de juiz conhecido meu...
Ele disse:
"- Os juízes hoje em dia parecem viver num universo alternativo, julgam casos deste mundo, mas vivem em outro! Desconhecem a realidade da sociedade e tem que ser quase que ensinados sobre o caso em si antes de tomar algum julgamento sobre...
Aqueles que deveriam estar MAIS informados sobre a nossa realidade parecem-me ser os que menos conhecem ela por puro desinteresse e desleixo..."
Não posso deixar de concordar visto alguns casos que andei pesquisando sobre a atual situação dos formandos em Direito ao que se diz interesse pelas realidades que são postas em questão...
O que mais parece que estamos formando não são advogados, juízes, etc e sim TÉCNICOS EM DIREITO onde o conhecimento pela realidade em si, as dinâmicas sociais, as situações a que o individuo em questão se vê submetido, os conceitos presentes na sociedade e seus valores são meros detalhes bastando à importância apenas o ato de abrir o "livrinho" da constituição, ver onde se encaixa o caso e, a partir dai, seja la qual/como for a situação, tomar alguma atitude...
Claro que temos casos de bons advogados, juízes e tudo mais, não se generaliza estas coisas, em todas as profissões há casos de bons e maus profissionais, mas no caso do direito esta ideia de "ah, é isso? Vamos ver na constituição!" sendo levada ao pé da letra em TUDO coloca a constituição (que não, não é perfeita e quem faz direito sabe!) como uma espécie de "manual do ser social e das dinâmicas da sociedade" onde o que parece é que lê-se esta e encontra-se nós/nossas situações...
Temos então um manual?
A sociedade já nos "robotizou" tanto a ponto de tudo caber dentro das páginas da constituição?
Não somos máquinas, a sociedade não segue uma linha unica, muito menos os mesmos passos ontem, hoje e sempre e se em nossos advogados, juízes e formandos em direitos sequer conseguimos ter um amparo frente às injustiças, de quem teremos?
Se as pessoas que entendem de "direito", "justiça" e efetivamente podem fazer algo por nós demonstram tamanho desinteresse pela realidade em si e acham que simplesmente lendo-se a constituição compreendem nossos casos onde vamos parar?
São coisas a se pensar e diria que MUITO...
Livre à discordâncias...