Em transe

Se me perguntarem o que houve, não saberei dizer.

Talvez a vida tenha me tornado assim, talvez meus sentimentos tenham secado por total incompreensão – do mundo, das pessoas, de mim mesma.

Em algum ponto me perdi ou sei lá ...quem sabe me encontrei. Acordei pra realidade e deixei de crer, de me importar, de sentir...

Já não guardo datas, não crio expectativas, não espero nada além do que eu possa ter. Oxigênio suficiente pra (sobre)viver e um ronronar que me acalma. Meu antidepressivo natural. Som que me transporta, que me faz ver o quanto sou insignificante diante de todo universo. Som que me resgata e me faz respirar.

É o que restou de poesia em mim. O que deixaram restar ou que eu mesma me permiti deixar.

Não sei até quando isso vai durar, se é pra sempre ou uma estação, só sei que nesse momento sou o que restou de tudo que tenho absorvido do dito “ser humano”. E se ela (a poesia) voltar, estarei de braços e coração abertos pra ela. Por enquanto, aproveitarei minha inércia existencial e me doparei dos ronrons que me restam.