O SUICÍDIO DA LAGARTIXA...

Caros leitores, antes de começar o meu relato reflexivo, quero saudar respeitosamente a esta pobre lagartixinha que foi meu abjeto de reflexão. Obrigado querida, por cair do meu teto...

Estava eu em minha casa totalmente a mercê do tédio de uma quinta, feira quando me pego olhando para a parede e me deparo com uma pequena lagartixinha, daquelas branquelinhas que passeiam em nossas casas. Inocente que era coitada estava subindo para o teto em busca de umas aranhas gordas para saciar a fome.

Observava eu atentamente quando a infeliz aventureira desequilibrou-se. Nesse instante, foi como se o tempo tivesse parado e de súbito comecei a refletir...

Sem a maestria da futilidade as lagartixas vão em busca de seus objetivos. Ao contrário de nós sempre maestrados pelo que é fútil rastejamos em busca sabe-se lá de quê! Pobres insetos almáticos muitas vezes não temos coragem de ir em busca das aranhas mais altas, as mais gordas...

Enquanto vivemos presos nas perguntas do que buscar, as lagartixas enchem o papo sem medo de cair. Estão elas sempre acima de nossas cabeças. E me pego a pensar... Até as lagartixas estão acima de nós enquanto abusamos de nossa miséria intelectual...

Conclui pois que estamos sempre na dúvida entre arriscar as aranhas mais gordas e limitar-se ao medo da queda. Mas se agíssemos com a determinação das lagartixas iríamos longe. Pois diferente delas que mesmo sem inteligência tentam, poderíamos encontrar um jeito de evitar a queda não fosse nossa preguiça de pensar...

Quando cai em si novamente, quis conferir se de fato a lagartixinha estava morta. Pois ainda tinha esperanças que ela resistisse. Mas quando voltei meus olhos para o chão, meu gato já havia degustado o possível flácido cadáver...

Tudo isso pensei no tocante ao lagartixa pensante que sou.

Enquanto isso o mundo está aí gato, engolindo nossos dias, devorando nossos sonhos...

Ai que nostalgia!