Circle.
[Bring me my drum and bring me my cymbal,
Bring forth the sustrum, bring forth the timbal.
Dance now for Hathor, celebrate beauty,
Dance in Her honor, sing for our lady.]
O homem com longos cabelos e tatuagens
Apareceu mais uma vez em meus sonhos
Tem a pele branca como de um zumbi
E os olhos vermelhos como o fogo
Usa roupas negras e metais prateados
Seus músculos saltam pelo corpo e realçam
Os desenhos e ideogramas mórbidos, eternos
Que retratam - em visões de túmulos - o seu interior
Tem um bode negro amarrado em coleiras e correntes
E toda vez que fecho os olhos
Um pentagrama invertido, vermelho como o sangue
Emana uma luz da testa, entre os chifres
O cenário sempre é a destruição
Num momento cemitério e escombros
Noutro, a alma noir das cidades
Chuvosas, frias e solitárias
Um cigarro levanta fumaça inebriante
Perfumada com cravo, menta, creme e enxofre
Eu sinto que meu corpo pede um trago
O veneno que meu corpo pede um maço
O homem realiza como eu me vejo
O duelo entre o prazer e a dor
Ele me convida, faz propostas indecorosas
O inferno é perfeitamente sedutor
Realizo círculos com desenhos obscuros
Velas ao meu redor, quando ajoelhado
Um cálice de vinho bem vermelho
Meu corpo suado, sedento de poder
As vozes há tempos me alertam do abandono
Do afogamento que posso sofrer sem culpa
Mas é uma tentação tão forte, tão material
Que só as luzes verdes, roxas e azuis podem me salvar
Será que estou disposto a ser salvo?
A luz e a escuridão dividem minha existência
Ambas me preenchem por completo, quando únicas
Uma revela meu caminho; outra, minhas visões noturnas