Circle.

[Bring me my drum and bring me my cymbal,

Bring forth the sustrum, bring forth the timbal.

Dance now for Hathor, celebrate beauty,

Dance in Her honor, sing for our lady.]

O homem com longos cabelos e tatuagens

Apareceu mais uma vez em meus sonhos

Tem a pele branca como de um zumbi

E os olhos vermelhos como o fogo

Usa roupas negras e metais prateados

Seus músculos saltam pelo corpo e realçam

Os desenhos e ideogramas mórbidos, eternos

Que retratam - em visões de túmulos - o seu interior

Tem um bode negro amarrado em coleiras e correntes

E toda vez que fecho os olhos

Um pentagrama invertido, vermelho como o sangue

Emana uma luz da testa, entre os chifres

O cenário sempre é a destruição

Num momento cemitério e escombros

Noutro, a alma noir das cidades

Chuvosas, frias e solitárias

Um cigarro levanta fumaça inebriante

Perfumada com cravo, menta, creme e enxofre

Eu sinto que meu corpo pede um trago

O veneno que meu corpo pede um maço

O homem realiza como eu me vejo

O duelo entre o prazer e a dor

Ele me convida, faz propostas indecorosas

O inferno é perfeitamente sedutor

Realizo círculos com desenhos obscuros

Velas ao meu redor, quando ajoelhado

Um cálice de vinho bem vermelho

Meu corpo suado, sedento de poder

As vozes há tempos me alertam do abandono

Do afogamento que posso sofrer sem culpa

Mas é uma tentação tão forte, tão material

Que só as luzes verdes, roxas e azuis podem me salvar

Será que estou disposto a ser salvo?

A luz e a escuridão dividem minha existência

Ambas me preenchem por completo, quando únicas

Uma revela meu caminho; outra, minhas visões noturnas

Ricardo Costa
Enviado por Ricardo Costa em 28/04/2013
Código do texto: T4264546
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