Livros
Os livros estão sendo meus mestres até agora, mas um dia os deixarei como todos os discípulos abandonam seus mestres, não por inteiro, mas em partes, para que possa visitá-los e os saldá-los, porém, não mais como mestres, mas como amigos que respeitam um ao outro. Será nesse exato momento em que me tornarei mestre de mim mesmo: e escreverei. Não livros filosóficos com a intenção de mudar o mundo, porque o mundo ninguém muda, a não ser ele mesmo em seus meandros e causas. Escreverei a vida, como alguém que pinta aquarela no chão, e que em um determinado momento, em dia chuvoso, as águas levarão as tintas, apagará o chão onde antes existia a vida que nunca morre, pois apenas seu curso e significado mudaram, mas ela ainda insiste em escorrer pelas ruas do destino, ou então, deixará o chão manchado pelas tintas presas em palavras lidas ou não, que se tornarão um imenso borrão manchado de uma imagem imperfeita, criando em si mesma uma nova escrita.