Surpresa

A surpresa é uma deusa multifacetada, quando a gente nunca espera nada dela ela aparece, quer dizer, essa frase já é meio esquisita. Aliás, o que esperar? O que esperar de alguém? O que esperar da vida? O que esperar de nós? Se algo é combinado, então, surge assim uma expectativa, uma espera, um desejo. Mas, se não é, o que devo esperar? Palavras, gestos, carinho, ódio, repúdio, formas, indiferença, ternura... Sim? Não? Como não esperar nada, se até mesmo essa pergunta é uma espera? O que se espera de um professor, de um médico, de um louco? O que se espera da vida? A morte? Por vezes aquilo que nos toca a alma nos faz esperar, aquilo que nos toca o corpo nos faz sentir (E se espera que sinta-se), e aquilo que se espera sem esperar é o que possivelmente chamamos de surpresa. É verdade, já não tenho muitas surpresas, a interrogação e um demiurgo, a exclamação se perdeu no vácuo da história, mas as reticências... Sim... As reticências... Supimpa! Acontece! Se já não esperam nada de mim, eu digo, sempre serei surpresa, não me confundam com seus costumes. Eu também dou voltas e voltas, e me perco e me acho, e onde eu menos esperava existe surpresa, isso é um fato!. A vida tão presa a rotinas ganha sempre uma nova interrogação, a exclamação surge como um paradoxo interminável de uma vida de reticências e surpresas. A surpresa talvez seja a maior espera que temos, e talvez seja isso o que esperemos sempre, surpresa.

TAS
Enviado por TAS em 16/07/2013
Reeditado em 16/07/2013
Código do texto: T4389757
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