Escrevo...

Talvez mais hoje sinta fortuna nas palavras. Talvez mais hoje, veja o imaginário, as ideias, e os sentimentos de outro prisma. Hoje vejo a vida de maneira diferente!

Em criança, brincava muito, com a imaginação sempre ao rubro! Inventava com os amigos personagens heróicos que fazíamos questão de serem os melhores! Hoje escrevo... Escrevo a imaginação nunca antes vivida. Escrevo os sentimentos que tenho. Escrevo os que gostava de ter. Escrevo o que é, o que vejo, ou o que gostaria que fossem! Ideias! Algumas pragmáticas, outras nem tanto!

Ideologias, psicologias, filosofias, sentimentos, modo de estar e ver a vida. Na realidade, baseando-me nas experiências de vida.

Por vezes releio o que escrevo e sinto-me meio que paranóico com a grandeza na admiração a mim mesmo. Será delírio? Ou tenho por inerência necessidade de viver sensações novas? É que dou por mim a não me encontrar fronteiras nos limites do que escrevo! Apenas escrevo paranóica e compulsivamente buscando por meio da leitura, o entendimento da experiência directa! Como um refúgio..., "penso, logo existo", logo sinto e acredito no que escrevo! Fez sentido? Será que terei êxito?

Escrevo de muita coisa como, alegria, tristeza, amor, ódio, sexo, política, guerra, paz, orgulho, alma, tudo... Mas será que escrevo realmente tudo que vejo e me vai na alma? Não! Não acredito que o faça, nem acredito que alguém o consiga, mesmo que a falar. Porque ao desenvolver o assunto, outro será puxado, e no turbilhão de pensamentos, algo ficará para trás mesmo que seja naquela ou outra vez...

Escrevo... Mas, e o argumento? Bom, na realidade, não sou de grandes argumentos. Apenas de boas e simples palavras que me vão fluindo tal como agora... Escrevo, como escrevo neste momento quase que como quem nem pensa. Apenas solta a ideia, e surgem as palavras. Mas fico contente assim, porque sei que está a sair veritá! Talvez mais verdade que um conjunto inumerado de factos de alguma coisa que acabemos por não entender, tamanhos os factos! Limito-me apenas a exprimir o que me vai na alma e sentimento... Mas isso deixa-me numa outra dúvida. Exprimir é manifestar os seus sentimentos, as suas expressões, por palavras, gestos, ou outra arte qualquer. É dar a conhecer as suas ideias, certo? Então, isso não tem grande relevância, porque se exprimimos, não fazemos, ou não mostramos como realmente é! (Estou a dar o nó na cabeça) Então, porquê dar tanta importância no que escrevo? Porque me importo tanto? Talvez a ideia dos loucos seja a realidade da verdade que ninguém conhece. Serei também louco? Ou apenas escreverei por prazer de elevar e não agradar? Ou por me dar ao despeito, para muita gente, de me sobrepor à moral...? Moral... "A moral é a má hipocrisia da inveja", já dizia Fernando Pessoa.

Posso não passar de uma alma grosseira, mas adoro transmitir o que penso, acredito ou acho! Apenas isso. Talvez a maioria de vocês, estupefactamente possa não entender-me, mas o facto de que a minha noção, a minha "moral", a minha vida (verdade), eu faço questão, tenho a necessidade de a transmitir. Então..., apenas escrevo... Escrevo na beleza que acredito escrever, e muita gente achou lindo, muita gente achou feio. Mas como pode maioria das pessoas definir tal se não compreendem, ou só leram pela metade sem fazer um esforço mínimo de se dar ao entendimento? Bom, de qualquer das formas, acredito que, um pouco devido à falta de paciência, um pouco devido ao meu anonimato muita gente não chegou a ler até esta parte... Mas não tem mal. Escrevo para toda a gente. Para quem lê e para quem nem sequer sabe que escrevi. Talvez um dia dêem uma espreitadela e talvez aí compreendam a minha falta de noção do Mundo. Talvez alguém me ache sem cultura, mas eu gosto de cultivar a mente. Não que passe a vida em pesquisas na internet ou nos livros. Mas adoro conhecer. Conhecer com os olhos, com as mãos, com o cheiro, o paladar... Com a alma! Assim sim, sentir-me-hei com um pouco mais de sabedoria para escrever, e, aí está, na minha necessidade, exprimir nas palavras escritas o que me vai na cabeça!

-"Nesses momentos, entrego-me à minha própria loucura" - e deixo-me não ser guiado à ilusão. Mas como raio faço eu para que conscientemente não me iluda? Estranho não é? Um escritor achar que não se ilude, quando metade do que escreve, não passa de uma pura ilusão daquilo que gostaria que fosse, acontecesse ou vivesse! Hahahaha! Louco!!!

Bom! Mas na via das dúvidas escrevo, e escrever significa que penso, e se penso também duvido, e se duvido busco, e se busco, procuro até achar, e se achar transmito. Logo, se transmito..., como amo escrever, escrevo!

É uma emoção atrás de outra. A busca das palavras lindas e perfeitas... A frase conclusiva e bem engendrada. Então um dia leio o que outra pessoa escreveu, e vejo que afinal de contas não percebo nada disto porque escrevo apenas como falo... Raios! E agora? Agora? Tretas! Acham mesmo que acredito que para se ser um bom, excelente escritor, tenho de formalizar palavras e frases ao ponto de três quartos dos leitores não perceberem o que lá está escrito? Eu não acredito nisso. Palavras caras e frases muito bem engendradas, quase como se estivessem a preparar um código ultra secreto, isso, não é escrever. Isso chama-se arte! E eu não sou artista nenhum. Sou sim, e apenas um escritor...

(Ferreira Carlos - 2013)

Ferreira Carlos
Enviado por Ferreira Carlos em 25/07/2013
Reeditado em 14/11/2015
Código do texto: T4403868
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