O universo não é o auge da perfeição


O universo não é o auge da perfeição. O universo é simplesmente o universo, ele é, ele está, ele existe, e é real. Não existe no universo nenhuma meta, projeto, ou desígnio, ele apenas reflete o que é, sem justiça, sem moral, sem valores e sem maiores preocupações com sua existência ou seu impacto. O universo não transcende, ele é imanente, ele não pensa, ele não sente, ele não afirma e muito menos mente, ele não concorda e também não desmente, o universo não é nossa mente, mas ele permite nossa mente, não porque tenha interesses, mas sim porque suas leis, sua composição e sua realidade se adequa a existência de vida e desta permite a biologia cerebral, e desta a emergência da mente, e desta o pensar, o sentir, o ser e o racionalizar, mas permite também o ódio, a maldade, a mentira (e nós somos muito bons em mentir), as vaidades, a prepotência e o desejo de poder.
 
O universo não é o auge da perfeição, posto que ele não busca absolutamente nada, ela não representa nada além do que ele realmente é, o nosso universo. Somos pequenos, somos frágeis, somos carentes e medrosos, e necessitamos dar vida inteligente ao universo, isto é um problema nosso, e não do universo, ele existiu muito antes da primeira vida na terra, e ele existirá muito depois da última vida na terra. O big bang foi início? Necessitaria de muito tempo para discorrer sobre isto, mas eu não vejo o big bang como o início, talvez um ciclo, se ajudar, ele foi o início imanente de nosso universo “quadridimensional” atual, mas a imanente natureza global existia muito antes, talvez por todo o sempre, e deu origem ao nosso big bang, e talvez a muitos outros big bangs.
 
Em tempo, existem boas teorias (teoria em ciência não tem o sentido meramente de um conjunto de afirmativas meramente teóricas) que podem levar a que o universo como o conhecemos exista por todo o sempre, mesmo que sem um big bang. Alguns dirão que para do nada surgir um algo isto implica na existência de um deus. Eu diria primeiro, no mesmo raciocínio, que se para do nada poder surgir um deus seria necessário um deus maior, e para surgir este deus maior do nada seria necessário outro deus maior ainda, e assim sucessivamente, em infinito recursivo, sempre sendo necessário um deus maior que o último para que do nada pudesse surgir algo como um deus. E se mesmo assim você afirmar que do nada um deus sempre existiu, então eu posso embarcar na mesma teoria e dizer que do nada a natureza sempre existiu. Eu paro um pouco antes e crio menos dificuldades para justificar a existência do todo imanente.
 
Com ou sem big-bang, com ou sem antes do big-bang, a natureza como um todo, natureza aqui entendida como o conjunto universo de todos os universos naturais, não é o auge de nenhuma perfeição, pois ela é somente e tão somente ela mesma, e belíssima por isto, por ser a imanente natureza.

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 27/07/2013
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