Relógio sem pulso

É inquietante não termos o tempo nas mãos.

Como um pássaro que não se domestica,

não podemos detê-lo;

Suas asas intempestivas não se deixam amansar.

E é engraçado que o mesmo homem que inventou o relógio de pulso,

tenha também inventado o avião.

Ele quase segurou o tempo nas mãos,

mas as horas escorregaram, arredias.

Ele quase voou,

mas nunca plenamente.

Ambas as cápsulas o enredaram:

A da máquina, aço intransponível

que é uma farsa da liberdade,

e a do orgulho que o fez pensar que poderia sustar o andamento da vida,

mas pobre homem,

o relógio de pulso é meramente a analogia de uma algema...

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 29/07/2013
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