Psicanálise

Enquanto caminhava e pisava fixamente em cacos pontiagudos, olhava para uma estrela no céu. Aquele brilho invadia os meus olhos, minha pupila e irradiava todo o meu ser. E então não conseguia dizer ou pensar mais nada. Em seguida, entrei em meu quarto. Quarto que, às vezes era cativeiro, pois quase sempre costumo ser bicho.

Só em meu intimo, nu, entre minhas folhas cheias de anotações bizarras e livros maravilhosamente bem escritos é que posso tocar-me de verdade. Depois de desfrutar de toda tecnologia designada por mim, implantei chips em minha alma, vi fotos, li cartas antigas, falei sozinho e sussurrei ao ouvido de ninguém. Conectei-me através de fios e ondas para investigar o mundo externo. É tanto excesso de informação que às vezes sinto-me tolo e vazio.

Algumas ideias brotam como insights e, são tão rápidas que não posso descreve-las, então, tento registra-las ou as deixo ir. Talvez, alguns desses insights não são para serem registrados. Já não me cobro mais.

Sinto uma vontade bem peculiar e ao mesmo tempo diferente. Uma vontade de me provar pra alguém, vontade de partir. Tô em busca de algo, mas ainda não sei quem eu sou. Quase sempre sou um quase... Ai como me acho irritante! Mas algumas vezes me amo tanto ao ponto de me tocar por horas. Acho excitante a facilidade em que escrevo palavras, me excita também minha sensibilidade para algumas artes. Gosto daquilo que já morreu: a planta morta, a planta podre, o odor. A morte tem um cheiro especifico que eu costumava sentir, era como se fosse uma espécie de premunição.

Antes, tinha muito medo de escrever tudo o que realmente pensava. Medo que, meu intimo fosse revelado, mas agora sei que não importa o que lhes escrevo. Certas coisas nunca farão sentido para outras pessoas.

Ando tão cansado de ser padrão, regrado, bem aventurado, regular, normal, morno. Meu Deus, o que anda acontecendo comigo?! Sempre tive nojo desse tipo de conduta. Será que estou ficando velho e careta? – Deve ser! Tenho raiva quando me faltam palavras. Não que seja por falta de vocabulário, se fosse só isso, era só ler mais, mas o que acontece é que as palavras ainda não foram inventadas para tais sentimentos que habitam em mim e, se eu as inventasse não faria o menor sentido.

Meus pensamentos são gagos. Enroscam-se, ficam confusos e repetitivos quase sempre. Perdoem-me os que não gostam, mas quase sempre sou poético e metafórico. Às vezes me irrita, porém, só sei pensar assim. Confesso que queria ser como quem escreve uma bula para um remédio ou quem escreve um manual de instruções: regrado e prático. – Sei que soa meio paradoxal, pois, logo acima disse que, odeio ser metódico. Odeio mesmo, entretanto, seria bom se fosse por natureza e não algo que forçasse todos os dias.

Sou pura arte em forma escrita. Um faminto que tem fome de livros e em seguida, vomita palavras. Segundos os últimos estudos da metafísica, podem existir vários universos paralelos em que, nós somos vários, sei que a ideia é confusa, porém, (caso ainda fique dúvidas pesquisem sobre o assunto). Encantei-me com a possibilidade, mas só sei deste. E neste universo quero ser eu mesmo. Mesmo que isso me cause úlceras e muito stress. – Definitivamente não sei e não posso ser outro.

Poemas são sempre vazios de atitudes, uma vez que, ao escrever eu acreditava que estava mudando alguma coisa, quando na verdade, estava apenas colocando minhas magoas no papel com sofreguidão, silenciosamente e bastante irritadiço com os barulhos do mundo externo. São nesses momentos que me acho e, que, me acho tão diferente de todos. Parece que sei que tenho alguma coisa significante, mas ao mesmo tempo sei que todo mundo deve achar isso, todo mundo deve achar que tem algo especial, quando na verdade somos todos iguais.

Nunca quis ser parecido com ninguém, então, talvez seja isso. – Não sei não. Ontem, bebi dois remédios para dores psicológicas, pois dores não existem. Os remédios também podem entrar no quadro de psicológicos, pois quando uma coisa se é cria-se total liberdade para a outra vir a ser.

Se eu não escrevesse tanto... Declamasse tanto... Sonhasse tanto... Eu já teria pirado! Aguentar não é fácil. Estava pesquisando algumas coisas e, percebi que vivo em uma condição clichê de: religião x ciência. Tal conflito que muitos já tiveram e ainda têm. – Ao questionar a existência de Deus sou um ser inferior? Será? – Será que ele existe? Então, por que insiste em ficar calado? Por que insiste em não demonstrar sua existência? Pelo menos não da forma que deveria. Estas explicações pela metade que recebemos, este tal de livre arbítrio. Para mim não faz muito sentido. Se para você faz, então, por favor, me chame, me conte!

Não é difícil me achar. Não é mais difícil achar ninguém depois da invenção da internet. É curioso, pois me sinto preso, mas é uma prisão que eu gosto. É uma “prisão livre”, pois tenho liberdade de passar a imagem que bem desejar. Tenho a oportunidade de alimentar meu ego e minhas dependências e isso me coloca em um ciclo vicioso de exposição. A internet trouxe a falta de atitude, pelo menos da minha parte. De só querer escrever. De só querer amar no papel. Tenho medo de amar! Atualmente, errar não é humano.

Talvez tudo o que lhes escrevo seja apenas uma alucinação de uma alma perdida em alguma dimensão ainda não explicada. Talvez essa seja só uma consciência de muitas que eu tenho. Esses dias eu estava... Deixa pra lá. Não! – Acho que devo contar... Esses dias eu estava andando pela rua e encontrei uma pessoa. Tive uma espécie de déjà-vu. Hoje em dia isso é comum, antigamente, ninguém sabia bem o que era. Achei aquilo um máximo, fui pesquisar a fundo e tinha várias explicações cientificas. Explicações cientificas me aborrecem um pouco. Porque ao mesmo tempo em que elas me abraçam quando quero fugir da religiosidade, elas me atrapalham quando quero fundar a minha própria religião. Minha filosofia de vida. A ciência me acolhe em momentos em que quero criticar, mas me atrapalha nos meus momentos de criação. Eu amo a ciência, contudo, a minha criação vai além do amor. A minha criação sou eu, é você, o papel, o gravador, esta “coisa” que passa pelas minhas cordas vocais e sai pela mina boca. Boca que criei e que vejo com os meus olhos e, que você também vê.

Já quis muito escrever profissionalmente, mas é claro que não sou um profissional. Só escrevo quando algo vem em mim.

Quando escrevo em forma de redação com temas propostos, não estou escrevendo de verdade. Estou a copiar coisas da cabeça. Copiar coisas da cabeça não é o mesmo que escrever. Escrever é quando não temos pontos, vírgulas e pensamentos censurados. Quando escrevo tenho gosto de viver. – Quem me dera se tivesse coragem de viver tudo aquilo que lhes escrevo. Talvez, estivesse mais feliz, talvez, não estivesse aqui, pois estaria vivendo intensamente ao invés de escrever.

Mas penso que a vida é divida entre: as pessoas que vivem, as mecânicas e as observadoras. O terceiro grupo de pessoas acho que sou eu. Embora, eu vá para vários lugares, sempre estou a observar.

Nunca estou em um lugar completamente. Não pertenço a nenhum ambiente, não pertenço a ninguém. Sou os olhos do mundo, sou os meus olhos, sou um abrir de portas e um fechar também. Não queria que tudo isso fosse efêmero, principalmente, meus momentos de glória.

Sei que a qualquer hora isso vai parar, assim como meu coração irá

parar de bater e a vida parará de pulsar em mim.

Hoje somos protagonistas, mas amanhã seremos apenas lembranças de pouca importância, assim como são nossos antepassados.

Enfeito a vida para soar melhor na leitura, porque tudo o que eu digo sobre ela é árduo. E algumas colocações definitivamente não ficam bem no papel.

Para deixar de ser áspero, vou falar dos sonhos que temos. Vou falar daqueles dias em que acordamos e acreditamos que podemos fazer qualquer coisa e que somos fortes o bastante. Adoro isso! – Adoro este lado ambicioso da vida. Adoro meu lado ambicioso, meu lado que acredita em mim mesmo. Não quero falar do meu lado negro. Neste momento quero uma felicidade genuína e sincera. Hoje não tô querendo nem beleza física, quero continuar descabelado, com este moletom, cara amassada, barba por fazer, preguiça. Amo a preguiça e a gula. Como não acredito em pecados, estou feliz e em paz.

Já faz um bom tempo que estou escrevendo, preciso de pausas para absorver tudo e sobreviver. A vida é feita de pausas, de pontos, de vírgulas, de páginas... A vida é feita de papel e, em um piscar de olhos ela pode se rasgar, se queimar e deixar de existir. A vida é frágil. A vida é só a vida, não há definição completa. Tudo o que lhes disse até então está incompleto.

Lucas Guilherme Pintto
Enviado por Lucas Guilherme Pintto em 01/08/2013
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