AS TROCAS DO NOSSO IMAGINÁRIO...
Quando era pequeno queria ser aviador
Anos mais tarde caí nos teus braços como se fossem asas
E o teu corpo o hangar onde a minha nave estacionou
Quis sempre que a minha boca fosse o megafone do mundo
Denunciadora dos genocídios inter-raciais
E quando um dia ela foi abafada pela tua
Deixei de saber onde acabava eu e começavas tu
Não compreendia porque se fomentavam guerras
Pensava até que eram para dar que fazer aos excedentários
Mais tarde apercebi-me que o aço e as balas
Matavam muitos e enriqueciam alguns
Acordei e passei a preferir a paz do teu sorriso
Hoje o Pai Natal ainda desce pelas chaminés
E oferece aos meninos do século XXI
Pistolas, espingardas e metralhadoras
De brincadeira, todos sabemos
Mas que alimentam imaginários guerreiros e agressivos
Se eu fosse o Pai Natal
Mandava uma borboleta pôr-lhes uma prenda no sapatinho
Versão viva dos aviões do meu imaginário
Quando tu e eu íamos de mãos dadas para a escola
Aquecendo-nos dos agrestes gelos do inverno.