AS TROCAS DO NOSSO IMAGINÁRIO...

Quando era pequeno queria ser aviador

Anos mais tarde caí nos teus braços como se fossem asas

E o teu corpo o hangar onde a minha nave estacionou

Quis sempre que a minha boca fosse o megafone do mundo

Denunciadora dos genocídios inter-raciais

E quando um dia ela foi abafada pela tua

Deixei de saber onde acabava eu e começavas tu

Não compreendia porque se fomentavam guerras

Pensava até que eram para dar que fazer aos excedentários

Mais tarde apercebi-me que o aço e as balas

Matavam muitos e enriqueciam alguns

Acordei e passei a preferir a paz do teu sorriso

Hoje o Pai Natal ainda desce pelas chaminés

E oferece aos meninos do século XXI

Pistolas, espingardas e metralhadoras

De brincadeira, todos sabemos

Mas que alimentam imaginários guerreiros e agressivos

Se eu fosse o Pai Natal

Mandava uma borboleta pôr-lhes uma prenda no sapatinho

Versão viva dos aviões do meu imaginário

Quando tu e eu íamos de mãos dadas para a escola

Aquecendo-nos dos agrestes gelos do inverno.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 03/08/2013
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