Se a felicidade parece estar longe

Se a felicidade parece estar longe, ela pode realmente estar. A maioria das vezes somos nós que a mantemos longe de nós mesmos, mas em alguns casos a vida parece conspirar contra. Mas a vida não conspira contra, pois ela não tem direção preestabelecida, infelizmente, a probabilidade, pequena mas possível, de que os eventos da sequência do viver estejam “envelopados” por sequências negativas, pode sim ser verdade para você, mas isto não é motivo para desistir de viver, ou se entregar a desumanidade.

Eu sei que todos temos nossos limites, não existem santos em essência, nem sábios em totalidade. Eu sei que a dor tem valores diferentes para diferentes pessoas. Eu sei que somente sabe a dor do sofrimento, aquele que a experimenta, por isto não culpo diretamente aqueles que em limites extremos de sofrimento físico, moral ou psíquico , acabam desforrando sua dor, principalmente quando esta tem parte de sua origem na própria sociedade, e assim se voltam contra a sociedade que o abandonou, ou que o manteve na indigência humana e social.

É fácil culpa-lo, enquanto a vida como um todo conspira para minha felicidade, quando na média social tenho momentos alegres e felizes do viver, enquanto a dor do nem se conhecer como ente humano não é minha, mas não é por isto, mesmo que entenda as raízes sociais de sua dor, que posso deixar ou concordar com sua desforra contra o todo social. Devo ter a coragem de me expor, e lutar contra a mesmice de coisas que esta sociedade faz ou mantem, em nome do acumular riquezas ou poderes, devo assim ser ousado o suficiente para agir, falar, gritar ou mesmo batalhar por uma sociedade mais justa, mais equânime, mais social, que inclui, mas não posso também aceitar, mesmo que com o coração cheio de espinhos e lágrimas, que alguém possa maltratar outro humano, simplesmente porque a vida foi mais benevolente para com ele.

Se a sua desforra é contra uma casta de pessoas que vê a sociedade meramente como massa de manobra, ou se estivermos falando daqueles aproveitadores, mentirosos, hipócritas que se sustentando e se beneficiando da situação social, fazem por onde mais ainda acumular riquezas e poder, devo me colocar frontalmente contrário a estes e a seu favor, podemos juntos lutar por seus direitos e pela sua dignidade humana, devemos resistir, ou mesmo lutar contra este estado de coisas, mas a ninguém é dado o direito de ser destruidor de vidas, simplesmente porque teve a sorte e a competência de encontrar alguma felicidade. Se falamos daquela corja de aproveitadores inescrupulosos e desumanos, tenha mais é de somar com vocês contra estes, e se for o caso, tenho mesmo de apelar para o mesmo pagamento com que eles hoje me pagam, com dor e com sofrimento.

Eu sei que a sua dor é uma marca que não poso realmente sentir, mas entendo também que a população pobre tem uma força coletiva enorme, mas o sistema, a politica, a educação e mesmo, ou talvez mesmo, a religião domesticam o ódio em nome de manter a sociedade subserviente e aderente aos desejos dos dominantes deste estado de coisas, possuindo responsabilidades direta pelo atual estado de inação de nossa população.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 09/08/2013
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