O INÍCIO DO ADEUS A UMA GRANDE PAIXÃO.
Eu poderia descrever um cenário muito bonito, ou tenebroso. Eu posso tudo, o talento está em minhas mãos. Descreveria uma cena erótica atrás de um Baluarte. Os detalhes te escandalizariam, mas a perfeição iria te fazer vibrar. Eu iria me expressar nas entrelinhas, depositar minha angústia nas letras para tentar dispersar esse sentimento que tanto me sufoca.
Mas para quê mesmo?
Só iria cutucar uma cicatriz
que eu me recuso a fechar.
Só iria sofrer com as lembranças
que já querem me largar.
Só iria me entregar,
sabendo que você não iria voltar.
Então, concluo
que a arte só serve para me consolar.
E dela não posso me gabar,
os anjos tiveram compaixão de mim
e me deixaram rascunhar
poemas sem razão, só solidão.
Mas eu prefiro sentir a minha dor em silêncio, sem mais canetas na mão. Apesar da gratidão, não mais vou usar meu dom para escrever sobre a utopia da nossa paixão. Nem do nosso passado, cujos rastros me despedaçaram e me jogaram no chão.