DA COPA DE UMA ÁRVORE VEJO O MUNDO...

De respirar ofegante se fazem os meus dias

Sinto o universo a tombar como fruta apodrecida

Os dias calmos que amansavam a minha vida

São fontes degradantes de onde pingam as orgias

Subo à copa de uma árvore onde vejo o mundo

Ouço ao longe o mar que muda de humor com as luas

Tudo o que era meu, feito de coisas tuas

Foi reduzido ao monte de escombros mais profundo

O nascer e o pôr-do-sol que eram cenários tão belos

Amantes aos olhos de tão enternecidos zelos

São hoje fugazes momentos que olhamos de revés

Vejo planícies surreais sem traje nem boas novas

Os pássaros perdem força no entoar das suas trovas

E eu morrerei na mudança das marés

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 11/08/2013
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