Segunda chance.

Uma vez me perguntaram o que minha tatuagem significava. Bom, além dela ser o desenho que se encontra na capa do cd do filme "O Corvo" (filme aliás que eu gosto muito), para mim ela sempre teve um significado que remetia a uma segunda chance. No filme é dito que "No passado, as pessoas acreditavam que, quando alguém morria, um corvo carregava sua alma para a terra dos mortos. Mas às vezes, acontece algo tão ruim que uma tristeza terrível é levada junto com a alma, e a alma não consegue descansar. Mas às vezes, somente à vezes, o Corvo consegue trazer a alma de volta para resolver o que está errado...". Por isso tenho essa tatuagem que de certa forma me faz acreditar que sempre há uma segunda chance para tudo.

Mas tudo nessa vida sempre tem uma espécie de armadilha embutida, um tipo de "falha estrutural", como uma rachadura interna que sempre nos pega de surpresa, a despeito de acharmos que tudo está certo e correndo conforme o planejado.

No meu caso, essa "falha estrutural" foi nunca ter pensado no que fazer caso surgisse uma segunda chance.

Agarrar e tentar fazer com que dessa vez seja diferente? Fingir que não a notei e torcer para que ela também não tenha me notado? Correr o risco de ter o mesmo resultado de antes e mais uma vez sair machucado?

Qual o limite que separa a esperança crente e ingênua da teimosia burra, pura e simples? Será que é o fato de realmente acreditar que podemos fazer diferente ou apenas teimosia e orgulho ferido nos levando em uma busca desenfreada para tentarmos impor nossas vontade e desejos?

Qual o limite que separa o reconhecer que nada vai mudar, do medo de correr riscos ao se entregar novamente a uma situação que te torna vulnerável?

Tenho escutado constantemente que os tempos são outros, as pessoas são outras e os momentos são outros, mas será que são mesmo? Será que o tempo, o grande senhor das mudanças consegue realmente mudar alguém?

Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas... E no meio de tantas delas que sempre conviveram comigo, agora surge mais essa.

E no momento, a única certeza que tenho, é de que minha tatuagem talvez tenha sido uma cilada...