Fragmentando

Sabe, as pessoas mais próximas, ou mesmo as que malmente me conhecem, sempre pedem que eu escreva. Dizem que tenho talento e que consigo transmitir o que sinto, através das palavras.

Eu não acredito nisso, não me vejo como alguém talentosa, e menos ainda como alguém que tenha algo a acrescentar a quem ou o que quer que seja. Me vejo sempre como uma criatura auto-destrutiva, do tipo que se isola e tortura pelo simples prazer de sentir algo a mais, de forma extremada, é assim que sou. Sempre me auto-deprecio, mas as pessoas acham que isso é “doce”, que tudo o que quero com esses comentários, é receber elogios, mas não... É verdadeiramente o que sinto.

Não sei se com o tempo as coisas dentro de mim mudarão, ou se tenho tantos complexos que jamais os entenderei, e assim seguirei problemática para o resto dos meus dias.

Já tentei me analisar, mas, é tão difícil falar de mim mesma, que escrever se torna inimaginável. Até porque, escrevendo é quando me torno mais profunda e sincera.

Me pego pensando em quanto do meu cérebro já terá sido destruído, de tanto gosto que peguei por estar sempre distante, entorpecida, sentindo, nem que seja a pior das solidões. Por que, sabe... É assim que eu sou.

Talvez eu esteja escrevendo isso, por não saber sobre o que escrever, ou talvez pelo fato de eu estar introspectiva e apreensiva, com a expectativa de casar. Sim, vou me casar. Isso sim, é algo novo pra mim, e de uns tempos pra cá, só consigo pensar que a vida é muito curta pra gente não se arriscar, e mais curta ainda, pra se perder tempo pensando no que aconteceria. Então decidi que a hora é agora, e se posso, farei.

Minha cabeça ultimamente trabalha como um raio, mesmo que a linha de raciocínio seja tão constante quanto o humor de um transexual. Me pego pensando em cada coisa...

Sempre fui uma pessoa centrada, aos olhos alheios, mas minha cabeça é um conflito tão grande, que de certa forma aprendi a fugir de mim mesma, me afogando em pensamentos aleatórios e sem valor algum, esperando que o dia amanheça, para que minha sanidade retorne.

Dai me surge outro questionamento: qual será meu estado normal?

Digo, será que o que penso a noite, vale da mesma forma para o que eu penso de dia? Isso faz algum sentido? Isso me torna volúvel? Quando estou drogada (colocarei nestes termos), me torno mais sincera e verdadeira? Ou será que devo assumir que sou de fato alguém deslocada e vazia, que precisa de sonhos alheios para realizar, e assim ter os meus próprios?

As vezes é isso que me consome, como se não houvessem alternativas, e apenas o sim ou não, a verdade ou a mentira, a noite ou o dia. O problema todo, é que havendo os dois lados, sempre me encontro perdida no meio. Querendo fazer algo que não sei ser o correto ou não, criando novos paradigmas em minha já bastante caótica e perturbada, mente.

Sempre me pergunto por que não consigo terminar o que começo, da mesma forma que não continuarei este texto, pois sei que amanhã, estas palavras continuarão sendo verdadeiras, mas meu “eu” de amanhã, as julgará sem nexo. Então me perco novamente, querendo e tentando condensar pensamentos, num fluxograma próprio, onde eu não me perca, e quem sabe um dia, possa compreender a mim mesma, para só assim, me entregar a uma vida retilínea. Se é que isso existe.

Não me importo com parâmetros, nunca liguei para convencionalismos e menos ainda para o que é aprovado ou não por olhos alheios, mas uma vez só, gostaria de deixar de ser tão auto-crítica, e me deixar levar, como se fosse partícula, e o universo me conduzisse. Gostaria de perder as rédeas e não me preocupar tanto. Gostaria de ser livre.

Lídia M
Enviado por Lídia M em 26/08/2013
Código do texto: T4451882
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